domingo, janeiro 13, 2008

África perde seus profissionais de saúde

Muitos países Africanos têm mais médicos e enfermeiros trabalhando em outros países e regiões do que em seus próprios países.
Há muito tempo vem-se discutindo o êxodo dos profissionais de saúde africanos, mas o recente estudo publicado pelo Human Resources for Health www.human-resources-health.com/content/6/1/1 sugere que o problema é ainda maior do que se imaginava.

Vários países, inclusive Moçambique e Angola, têm mais médicos em um único país do que em casa. Da mesma forma, para cada médico na Libéria, há dois trabalhando no estrangeiro.
O estudo, realizado pelo Centro para o Desenvolvimento Global www.cgdev.org, analisou registros censitários coletados entre 1999 e 2001, avaliando nove países receptores de migrantes: Reino Unido, EUA, França, Canadá, Austrália, Portugal, Espanha, Bélgica e África do Sul.
Este estudo é um dos primeiros a incluir médicos que nasceram na África e não só os que receberam treinamento no continente.
Os pesquisadores discutem que o enfoque no local de treinamento, subestima seriamente o impacto que a perda de profissionais de saúde tem nos serviços de saúde de um país.

Saindo da África
O relatório sugere que a migração dos médicos está intimamente ligada à guerra civil, à instabilidade política e à estagnação econômica.
Angola, República do Congo, Guiné-Bissau, Libéria, Moçambique, Ruanda e Serra Leoa, passaram por guerras civis nos anos 90 e, por volta do ano 2000, estes países já tinham perdido 40% de seus quadros médicos.
Países como o Quênia, que passaram por uma estagnação econômica no fim do século XX e Zimbábue, que viveu e ainda vive problemas políticos aliados a problemas econômicos, deparam-se com o êxodo de mais da metade de seus médicos.
Ao mesmo tempo, países com maior estabilidade e prosperidade, como Botswana, conseguiram manter muitos de seus médicos, assim como o Niger, um dos países mais pobres do continente.
Os pesquisadores discutem que isto pode estar relacionado com o fato de que os profissionais de saúde de países muito pobres não tem suficiente capital financeiro ou contatos no exterior para deixarem seus países.

O Reino Unido é um dos poucos países que introduziram um regulamento proibindo o recrutamento de profissionais da África Sub Saariana. Mas apesar da medida, estatísticas mostram que 17.620 médicos e enfermeiros Africanos se incorporaram ao Serviço Nacional de Saúde (NHS) no ano passado.
O Departamento de Saúde informa que embora o NHS esteja proibido de recrutar profissionais vindos da África, nada pode fazer para evitar que profissionais destes países solicitem vistos de trabalho para o Reino Unido.

A instituição beneficente ActionAid afirma que a fuga de cérebros é uma grande ameaça para a África. Uma das formas mais eficazes de manter os profissionais de saúde em seus paises de origem, seria remunerá-los adequadamente. No entanto, os sistemas de saúde de muitos países Africanos estão extremamente carentes de financiamento, conforme o relato de Nick Corby, representante da ActionAid.
Segundo o estudo, o governo do Reino Unido prestaria um enorme serviço à África se aumentasse sua ajuda para manter os sistemas de saúde de países Africanos, assegurando que médicos e enfermeiros permaneçam onde são mais necessários.


Um comentário:

Anônimo disse...

Africa é o continente que mais precisa de profissionais de get ninjas em seu território e sobre tudo na área de saúde...
As organizações internacionais vão ter que fazer algo ao respeito...