sexta-feira, abril 11, 2008

ANGOLA: O estigma na tela do cinema

ONDJIVA, 22 Fevereiro 2008 (PlusNews)

A bordo de um jipe 4x4, quatro pessoas enfrentam o calor, a poeira e uma estrada esburacada na província do Kunene, a quase 1.500 km ao sul da capital Luanda.

O cineasta namibiano Richard Pakleppa, a activista seropositiva Maria Henda, o productor Sérgio Afonso e o engenheiro de som Uliengue Almeida circulam de vila em vila à procura de pessoas vivendo com HIV que queiram contar sua história para uma câmera.

O Kunene tem a seroprevalência mais alta de Angola: 10,4 por cento, segundo dados oficiais.
As consequências estão à vista: a SIDA deixou órfãs muitas crianças nas aldeias, muitas pessoas faleceram e deixaram para trás kimbos (casas tradicionais) abandonados no meio da savana, onde imensos cupinzeiros, conhecidos como morros de salalé, crescem com estranhas formas.


O jipe chega à vila de Ombala-yo-mungo, a cerca de 110 km de Ondjiva, capital do Kunene.
As histórias tristes não demoram a aparecer. Um homem de 40 anos, seropositivo, abandonado pela esposa, que o deixou com três filhos, está doente e a família não tem o que comer. Ao final da entrevista, ele pergunta se alguém não quer adoptar as crianças.


Uma menina de cinco anos, seropositiva, que perdeu os pais para a SIDA, não pode ir à escola porque os colegas não querem chegar perto dela.

Em outra aldeia do Kunene, Maria Henda, que é a entrevistadora no documentário, conversa com uma de quatro irmãs órfãs. Ninguém da família quis assumi-las e elas vivem sem o apoio da comunidade. A moça chora ao dar o depoimento. Maria Henda se lembra da sua própria experiência de rejeição e chora também.

Poeira, fadiga e expectativa

Em dois meses de gravação, Pakleppa e sua equipa rodaram mais de dois mil quilómetros nas províncias de Luanda, Benguela, Huíla e Kunene.

O documentário sobre pessoas vivendo com HIV/SIDA, ainda sem nome, é financiado por um consórcio de organizações não-governamentais, entre elas a irlandesa Trócaire, a dinamarquesa Íbis, a Caritas espanhola, a norte-americana Catholic Relief Services, além do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF).

Segundo o oficial do Programa de HIV/Sida e Género da Trócaire, Jordão António, o documentário será uma ferramenta de trabalho para activistas e educadores na área de HIV/SIDA.

Além das versões em português e inglês, o filme será dublado nas línguas nacionais umbundu, kimbundu, nhaneka-umbi e kwanhama. A trilha sonora será composta pelo famoso músico angolano Paulo Flores.

Noticia completa: http://www.plusnews.org/pt/Report.aspx?ReportId=76887

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