quarta-feira, dezembro 08, 2010

Arqueologia na Amazônia


As antiguidades da civilização


Um pescasor repara seu
barco no leito seco do Rio Negro
Fonte: guardian.co.uk
Uma série de arte rupestre foi descoberta no início do mês no Rio Negro, no estado do Amazonas, no norte do Brasil.


Arte rupestre são figuras artísticas gravadas em paredes e tetos de cavernas por nossos ancestrais humanos há milhares de anos. A mais antiga é datada de 40.000 a.c. Os instrumentos artísticos eram ossos de animais, cerâmicas e pedras, e as tintas vinham de folhas de árvores e sangue de animais.

As imagens previamente submersas, foram descobertas por um pescador quando os níveis das águas do rio atingiram o nível mais baixo dos últimos 100 anos, após um largo período de seca.  Apesar do mês de outubro (quando as imagens foram descobertas) ser um mês de pouca chuva, este ano de 2010, as chuvas foram ainda mais esporádicas.  


Os arqueólogos que estudaram as imagens acreditam que as figuras de rostos e cobras são mais uma indicação de que já existiam grandes civilizações há milhares de anos na Amazônia.


Eduardo Neves, presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira, disse que as gravuras pareciam ter sido feitas entre 3,000 e 7,000 anos atrás, quando os níveis de água na região eram bem mais baixos. As gravuras oferecem "uma prova ainda mais inegável" de que a região havia sido ocupada há milhares de anos, diz Neves, acrescentando que a descoberta foi de grande importância científica.

Nos últimos anos tem havido um número crescente de arqueólogos a estudar a Amazônia, e a rever as teorias anteriores de que a floresta era muito inóspita para hospedar uma grande civilização.

Talvez uma das descobertas mais impressionantes tenha sido em Monte Alegre, no estado do Pará (norte do Brasil), há quase uma década. A arte que foi descoberta tem cerca de 11.000 anos de existência 
(veja vídeo abaixo).

Pensa-se que as pinturas rupestres seriam o registro da história social dos habitantes daquele período, onde lhes era possível afixar seus costumes e práticas cotidianas.

Segundo o arqueólogo brasileiro Pedro Ignácio Schmit, deter os conhecimentos a respeito dos meios de subsistência era uma necessidade, pois não se podia perder tempo diariamente em busca da caça, pesca, etc. Por este motivo, as pinturas tinham o papel de informar o que havia naquele sítio.

Estima-se que a população amazônica pode ter chegado a 20 milhões de pessoas no período antes do descobrimento. A floresta era amplamente habitada, com aldeias muitas vezes mais populosas que as europeias. Havia enorme diversidade cultural e grandes redes de relações entre aldeias próximas.

Este é o cenário que um grupo de arqueólogos de diversos países está a conseguir comprovar a partir de evidências em escavações e estudos na região.

Embora as novas descobertas tenham atraído uma nova instalação para a arqueologia amazônica, também têm trazido problemas significativos aos sítios onde se encontram.

As descobertas em Monte Alegre foram seguidas por uma onda de turistas cujas visitas foram completamente descontroladas, o que resultou na danificação de muitas das pinturas.

Muitas gravuras também tem sido transferidas para o sul do país, onde se encontram instalações arqueológicas mais modernas e melhor equipadas. Isto quer dizer que uma grande parte da arte rupestre está a desaparecer do Amazonas e do nordeste.

Arqueólogos como Eduardo Neves e a americana Anna Roosevelt, que tem trabalhado muito no Brasil, apelam para uma maior conscientização da importância de manter-se estes sítios intactos e protegidos. 









Para ler mais sobre descobrimentos arqueológicos na Amazônia siga este link.



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