quarta-feira, agosto 10, 2011

As mulheres e dois jeitos de mudar o mundo

Imagem do site GrupoEscolar.com
No ano 2000, os 191 países membros das Nações Unidas  assinaram a Declaração do Milênio: um compromisso para enfrentar a pobreza e falta de oportunidades e melhorar a saúde da população mundial.

É um esforço a ser cumprido até 2015 através de oito metas que ficaram conhecidas como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Estas oito metas visam combater a fome e a pobreza extrema, a mortalidade materna, AIDS, desigualdades sociais e de gênero e o analfabetismo.

O reconhecimento da importância da mulher no desenvolvimento social é ressaltado em duas metas. (No final do post encontra-se uma lista de todos os objetivos do milênio.)

Objetivo 3:
Promover a igualdade entre
os sexos e a autonomia das mulheres

Objetivo 5:
Melhorar a saúde materna


A desigualdade entre os sexos começa no início da vida. Em muitos locais o nascimento de um menino é mais valorizado que o nascimento de uma menina. A mentalidade é que o filho cresce e ajuda os pais enquanto que as filhas trazem despesas. Na Ásia, meninas são abandonadas ao nascer e muitas vezes largadas à propria sorte. A adoção de meninas vindas do oriente é mais frequente, pois meninas são mais facilmente abandonadas em orfanatos.

Há locais em que o acesso à educação básica é mais valorizada para os meninos do que para as meninas. Espera-se que as meninas ajudem com os afazeres da casa e muitas vezes são forçadas a um casamento em tenra idade.

Um dos objetivos principais das Nações Unidas é promover a igualdade no ensino desde o básico até a universidade, até o ano 2015. O maior desafio é na África Subsaariana.

Em 2005, cinco anos depois de serem criadas as metas do milênio, aproximadamente dois terços dos países em desenvolvimento já haviam alcançado a paridade entre os sexos no que concerne a eduaçação básica.

A maior parte dos oito países de língua oficial portuguesa vem alcançando grandes progressos na igualdade de acesso ao ensino básico. Essa meta, junto com a percentagem de mulheres no parlamento nacional dos países, é um indicador de sucesso no Objetivo 3.

Brasil, Cabo Verde, Portugal e São Tomé e Príncipe têm mesmo mais meninas do que meninos cursando o ensino secundário. Moçambique ainda precisa melhorar o acesso de meninas ao ensino superior (tendo somente 0,49 meninas para cada menino cursando o nível superior), mas curiosamente é o país que tem a maior percentagem de mulheres em mandato parlamentar (39,2% do total) entre os oito.

Enquanto isso, o Brasil tem a menor percentagem de mulheres no parlamento nacional (8,6% do total), apesar de ter elegido pela primeira vez uma mulher para a Presidencia da República. Curiosamente tem a maior taxa de mulheres no ensino superior (1,29 mulheres para cada homem).

Segundo os dados oficiais da ONU, o progresso dos paises de língua portuguesa para o Objetivo 3 é:

Angola: Próximo de alcançar a paridade educacional nos níveis primário e secundário. Em 20 anos, mais do que dobrou a porcentagem de mulheres no parlamento.

- Para cada menino cursando o ensino primário, há 0,81 meninas (2008).
- No ensino secundário há 0,83 meninas na escola para cada menino (2002).
- No ensino superior há 0,65 mulheres cursando uma universidade para cada homem (2002).
- O número de mulheres no parlamento nacional aumentou de 14,5% em 1990 para 38,6% mulheres (2011).

Brasil: Paridade educacional quase alcançada pois ainda há menos meninas cursando o ensino prímário do que meninos. Apesar de ter quase dobrado o número de mulheres no parlamento em 20 anos, ainda é o país com menor representatividade de mulheres no governo.

- Para cada menino cursando o ensino primário, há 0,93 meninas (2008).
- No ensino secundário há 1,11 meninas na escola para cada menino (2008).
- No ensino superior há 1,29 mulheres cursando uma universidade para cada menino (2007).
- O número de mulheres no parlamento nacional aumentou de 5,3% em 1990 para 8,6% mulheres (2011).

Cabo Verde: Paridade educacional quase alcançada pois ainda há menos meninas cursando o ensino prímário do que meninos. Progresso na porcentagem de mulheres no parlamento em 20 anos.

- Para cada menino cursando o ensino primário, há 0,93 meninas (2009).
- No ensino secundário há 1,18 meninas na escola para cada menino (2009).
- No ensino superior há 1,27 mulheres cursando uma universidade para cada homem (2009).
- O número de mulheres no parlamento nacional aumentou de 12% em 1990 para 18,1% mulheres (2011).

Guiné-Bissau: Paridade educacional não alcançada. Porcentagem de mulheres no parlamento baixou pela metade em 20 anos.

- Para cada menino cursando o ensino primário, há 0,67 meninas (2000).
- No ensino secundário há 0,55 meninas na escola para cada menino (2000).
- No ensino superior há 0,18 mulheres cursando uma universidade para cada homem (2001).
- O número de mulheres no parlamento nacional diminuiu de 20% em 1990 para 10% mulheres (2011).

Moçambique: Próximo de alcançar a paridade educacional no nível primário mas não no superior. No entanto, mais do que dobrou a porcentagem de mulheres no parlamento em 20 anos.

- Para cada menino cursando o ensino primário, há 0,90 meninas (2009).
- No ensino secundário há 0,79 meninas na escola para cada menino (2009).
- No ensino superior há 0,49 mulheres cursando uma universidade para cada homem (2005).
- O número de mulheres no parlamento nacional aumentou de 5,7% em 1990 para 39,2% mulheres (2011).

Portugal: Paridade educacional praticamente alcançada no ensino primário, já alcançada em níveis mais altos. Porcentagem de mulheres no parlamento quase quatro vezes maior em 20 anos.

- Para cada menino cursando o ensino primário, há 0,97 meninas (2009).
- No ensino secundário há 1,04 meninas na escola para cada menino (2009).
- No ensino superior há 1,19 mulheres cursando uma universidade para cada homem (2009).
- O número de mulheres no parlamento nacional aumentou de 7,6% em 1990 para 27,4% mulheres (2011).

São Tomé e Príncipe: Paridade educacional já alcançada no ensino primário e secundário. Progresso na porcentagem de mulheres no parlamento em 20 anos.

- Para cada menino cursando o ensino primário, há 1,01 meninas (2009).
- No ensino secundário há 1,12 meninas na escola para cada menino (2009).
- No ensino superior há 0,93 mulheres cursando uma universidade para cada homem (2009).
- O número de mulheres no parlamento nacional aumentou de 11,8% em 1990 para 18,2% mulheres (2011).

Timor Leste: Paridade educacional já praticamente alcançada, exceto no ensino superior. Há aumento na porcentagem de mulheres no parlamento na última decada (desde a restauração da independência).

- Para cada menino cursando o ensino primário, há 0,95 meninas (2009).
- No ensino secundário há 1 menina na escola para cada menino (2005).
- No ensino superior há 0,71 mulheres cursando uma universidade para cada homem (2009).
- O número de mulheres no parlamento nacional aumentou de 26,1% em 2003 para 29,2% mulheres (2011).


Fonte:
Indicadores dos Objetivos do Milênio: http://mdgs.un.org/unsd/mdg/Data.aspx



A mortalidade materna é um dos principais índices de desenvolvimento de um país. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 2005, mais de meio milhão de mulheres morreram durante a gravidez, parto e nas seis primeiras semanas após o nascimento do bebê. Dessas mortes, cerca de 99% ocorreram em países em desenvolvimento, 86% na África Subsaariana e no sudeste da Ásia.

Calcula-se que a chance de uma mulher morrer na África Subsaariana de complicações da gravidez e doenças tratáveis neste período é de 1 em 22, comparado com 1 em 7.300 em países desenvolvidos.

Uma das principais metas dentro do Objetivo 5 é de diminuir em três quartos a mortalidade materna existente no período entre 1990 e 2015. Muitos países de língua oficial portuguesa estão próximos de cumprir esse objetivo e vão bem em outros importantes indicadores de sucesso para o Objetivo 5 (percentagem de partos feitos por profissionais de saúde e atendimento pré-natal).

Segundo os dados oficiais da ONU, o progresso dos paises de língua portuguesa para o Objetivo 5 é:

Angola: Grande progresso em diminuir as mortes maternas no período; mas ainda menos da metade dos partos são feitos por profissionais de saúde.

- Entre 100.000 partos, há 610 mortes maternas (2008), comparado com 1.000 em 1990.
- 49,4% dos partos são feitos por profissionais de saúde qualificados (2009).
- 67,6% das mulheres tiveram pelo menos 1 consulta pré-natal (2009).
- 31,5% das mulheres tiveram pelo menos 4 consultas pré-natais (1996).


Brasil: Próximo de cumprir a meta de diminuir drasticamente as mortes maternas; a maioria dos partos são feitos por profissionais de saúde e a maioria das mulheres recebem atendimento pré-natal.

- Entre 100.000 partos, há 58 mortes maternas (2008), comparado com 120 em 1990.
- 97% dos partos são feitos por profissionais de saúde qualificados (2006).
- 96,7% tiveram pelo menos 1 consulta pré-natal (2007).
- 88,7% das mulheres tiveram pelo menos 4 consultas pré-natais (2007).


Cabo Verde: Próximo de cumprir a meta de diminuir drasticamente as mortes maternas; a maioria das mulheres recebem atendimento pré-natal

- Entre 100.000 partos, há 94 mortes maternas (2008), comparado com 230 em 1990.
- 77,5% dos partos são feitos por profissionais de saúde qualificados (2005).
- 97,6% das mulheres tiveram pelo menos 1 consulta pré-natal (2005).
- 72,3% das mulheres tiveram pelo menos 4 consultas pré-natais (2005).

Guiné-Bissau: Não está próximo de cumprir a meta de diminuir drasticamente as mortes maternas; mas a maioria das mulheres recebem atendimento pré-natal.
  
- Entre 100.000 partos, há 1.000 mortes maternas (2008), comparado com 1.200 em 1990.
- 44% dos partos são feitos por profissionais de saúde qualificados (2010).
- 93% das mulheres tiveram pelo menos 1 consulta pré-natal (2009).
- 70% das mulheres tiveram pelo menos 4 consultas pré natais (2010).


Moçambique: Grande progresso em diminuir as mortes maternas no período; a maioria das mulheres recebem atendimento pré-natal.

- Entre 100.000 partos, há 550 mortes maternas (2008), comparado com 1.000 em 1990.
- 55,3% dos partos são feitos por profissionais de saúde qualificados (2005).
- 92,3% das mulheres tiveram pelo menos 1 consulta pré-natal (2008).
- 53,1% das mulheres tiveram pelo menos 4 consultas pré-natais (2003).


Portugal: Próximo de eliminar as mortes maternas; quase todos os partos são feitos por profissionais de saúde qualificados e todas as gestantes recebem atendimento pré-natal pelo menos uma vez (mas não há dados da ONU sobre a percentagem das que recebem pelo menos 4 consultas).

- Entre 100.000 partos, há 7 mortes maternas (2008), comparado com 15 em 1990.
- 99,7% dos partos são feitos por profissionais de saúde qualificados (2009).
- 100% das mulheres tiveram pelo menos 1 consulta pré-natal (2009).

São Tomé e Príncipe: A maioria das mulheres recebem atendimento pré-natal e grande parte dos partos são feitos por profissionais de saúde qualificados (mas não há dados da ONU sobre o índice de mortalidade materna).

- 81,7% dos partos são feitos por profissionais de saúde qualificados (2009).
- 97,9% das mulheres tiveram pelo menos 1 consulta pré-natal (2009).
- 72,4% das mulheres tiveram pelo menos 4 consultas pré-natais (2009).

Timor Leste: Grande progresso em diminuir as mortes maternas no período; mas menos de um terço dos partos são feitos por profissionais de saúde qualificados.

- Entre 100.000 partos, há 370 mortes maternas (2008), comparado com 650 em 1990.
- 29,3% dos partos são feitos por profissionais de saúde qualificados (2009).
- 84,4% das mulheres tiveram pelo menos 1 consulta pré-natal (2010).
- 55,1% das mulheres tiveram pelo menos 4 consultas pré-natais (2010).

Fontes:
Indicadores dos Objetivos do Milênio: http://mdgs.un.org/unsd/mdg/Data.aspx


gráfico abaixo mostra todos os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, baseado no site http://www.objetivosdomilenio.org.br/:

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