segunda-feira, agosto 08, 2011

As origens e evolução étnico-cultural dos PALOP - Angola e Cabo Verde

Como já dissemos antes, a África apresenta uma enorme diversidade cultural e étnica, não só entre países, mas também dentro de cada país.
Neste continente em que a dança e a canção são importantes formas de comunicação e em que as expressões culturais nativas, apesar de se verem misturadas a culturas de outros povos (nativos ou não), continuam fortes e enraizadas tão profundamente que nem a forte presença colonial europeia apagou. 
A rede ePORTUGUÊSe resolveu conhecer um pouco mais a fundo os grupos étnicos que caracterizam os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Começamos hoje por Angola e Cabo Verde e na próxima segunda-feira, falaremos dos grupos étnicos da Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Com certeza, cada um de nós se reconhecerá um pouco.......
Ao longo dos séculos, a África foi recebendo migrantes de outras partes do mundo que aí se estabeleceram, como os Árabes e os Europeus que se infiltraram um pouco por toda a África desde o século XVII, altura em que começaram a chegar também migrantes do sul asiático.
Nos PALOP habitam, ainda hoje, numerosas tribos e grupos étnicos distintos que, com suas próprias crenças e expressões culturais, refletem uma enorme miscigenação que foi moldando a cultura de cada país.
Angola, populada desde muito cedo, era originalmente habitada pelos povos Sam ou Khm que, com a chegada e domínio dos Bantu, foram forçados a deslocarem-se para a região do deserto de Namibe, no sul do país.

Os Bantus constituem um grupo etnolinguístico que se localiza principalmente na África subsaariana com mais de 400 subgrupos diferentes. A unidade deste grupo, contudo, se traduz pela unidade da língua, uma vez que essas centenas de subgrupos têm como língua materna uma língua da família banta.

Expansão dos povos Bantu

Atualmente, a população angolana é majoritariamente composta pelo povo Bantu, que se subdivide em diversos grupos etno-linguísticos, tais como: 
·  Ovimbundu - originários da região de Benguela (costa sudoeste de Angola), eram tradicionalmente comerciantes, agricultores e pastores, economicamente superiores a outras tribos. A sua cultura foi bastante afectada pela colonialização e pelo contacto com os portugueses. Representam 37% da população angolana.
·  Kimbundu (25%) - também chamados Mbundu, falam o Kimbundu, a terceira língua mais falada em Angola, falada por 1/3 da população. Têm origem no reino Mbundu, estabelecido por volta de 1400, cujo chefe, Ngola, deu o nome ao país. Vivem hoje sobretudo na região de Luanda e províncias de Bengo, Cuanza Sul e Norte e Malange (noroeste e centro norte). Embora tenham perdido uma parte da sua cultura tradicional durante o período de colonização, mantêm até hoje os seus valores e estruturas centrais enquanto comunidade matriarcal.
·  Bakongo (13%) - presentes também no Congo, os povos Kongo chegaram a Angola no século XIII, desenvolvendo-se de forma próspera e organizada até à chegada dos portugueses. A religião católica abriu então caminho entre os Bakongo, através dos missionários,  mas prevalecem, até hoje, suas crenças tradicionais baseadas principalmente no profetismo e messianismo, com importantes repercussões na organização política e social do povo, cujas tribos se encontram fragmentadas de acordo com a sua linhagem.

Não é à toa que são falados 42 idiomas em Angola, com 6 línguas oficiais: Português, Kikongo, Kimbundu, Mbunda, Chokwe e Oshiwambo.
Rainha Nzinga com o governador português em Luanda em 1657.

Cabo Verde, devido à sua localização junto à costa da África Ocidental, era um ponto de paragem obrigatória para os navios que se dirigiam à América do Sul, pelo que se transformou, durante o período da colonização portuguesa, num importante centro de comércio e porto de reabastecimento.

O arquipélago recebia os escravos negros, que se foram misturando com os portugueses, dando origem a uma população mestiça.

Em todos os seus aspectos, a cultura de Cabo Verde caracteriza-se por uma miscigenação de elementos europeus e africanos. Não se trata de um somatório de duas culturas, convivendo lado a lado, mas sim, um terceiro produto, totalmente novo. Hoje em dia, a população de Cabo Verde é maioritariamente Criola (71%).

Os Europeus constituem apenas 1% da população e esta mistura é hoje evidente nas tradições orais e musicais de Cabo Verde. A população inclui outros povos nativos, que representam cerca de 28%.
Após a independência, uma grande parte da população cabo-verdiana deixou o país em busca de melhores oportunidades de trabalho. Hoje, a diáspora é 3 vezes maior do que a população do país.
A língua oficial é o português mas a língua nacional e falada pelo povo é o criolo caboverdiano (criol, kriolu). Cada uma das dez ilhas de Cabo Verde tem um criolo diferente. O criolo está oficialmente em processo de normatização e criação de uma forma escrita, visto que era somente um idioma falado. Hoje, discute-se a possibilidade do criolo tornar-se a segunda língua oficial do país.



Fontes:

 


National African Language Resource Center - http://www.nalrc.wisc.edu/
The Africa Guide - http://www.africaguide.com/
Encyclopaedia Britannica - http://www.britannica.com/
Countries and their Cultures - http://www.everyculture.com/
U.S. Department of State - http://www.state.gov/

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