quarta-feira, agosto 03, 2011

Lampião, o Rei do Cangaço

Versos de Gonçalo Ferreira da Silva, do cordel

"Lampião - O Capitão do Cangaço":

O século passado estava
dando sinais de cansaço,
José e Maria presos
por matrimonial laço
em breve seriam pais
do grande rei do cangaço.
No dia quatro de junho
de noventa e oito, a pino
estava o Sol, e Maria
dava à luz um menino
que receberia o nome
singular de Virgulino.

No dia 28 de julho completou-se 73 anos do falecimento de Virgulino Ferreira da Silva, o famoso cangaceiro brasileiro Lampião.

Virgulino nasceu no estado de Pernambuco em 1898, sendo o terceiro de muitos filhos de José Ferreira da Silva e Maria Lopes.
O sustento da família vinha do criatório e da roça onde trabalhavam seu pai e seus irmãos mais velhos.
Virgulino e seu irmão Livino se encarregavam de transportar mercadorias no lombo de uma tropa de burros. Os trajetos variavam muito, o que ajudou-lhe a ter um conhecimento dos caminhos do sertão que seria valioso para o cangaceiro Lampião anos depois.

Lampião foi um dos bandidos mais temidos e procurados da época. Ele liderou um movimento social no nordeste do Brasil chamado cangaço.

Ao contrário do que muita gente pensa ele não foi o primeiro cangaceiro, mas sem dúvida nenhuma foi o mais importante de todos.

Segundo os historiadores houve duas formas de cangaço:
Grupos de homens armados que eram sustentados por seus patrões, na maioria donos de terras ou políticos, que os utilizavam para a defesa de suas terras. Estes moravam nas propriedades onde trabalhavam e eram subordinados aos seus patrões.

O outro grupo era formado por homens armados, liderados por um chefe. Mantinham-se em bandos, errantes, sem endereço fixo, e sem se ligar permanentemente a nenhum chefe político ou família.
Estes viviam em constante luta com a polícia, até serem mortos ou presos.
Os cangaceiros conheciam muito bem a caatinga (principal tipo de vegetação do nordeste do Brasil) o que facilitava a fuga das autoridades.

Lampião, também denominado o "Senhor do Sertão" ou "Rei do Cangaço," era um cangaceiro livre. Atuou durante as décadas de 1920 e 1930. Percorreu sete estados da região causando grandes transtornos à economia do interior.

Seu nome e seus feitos chegavam a todos os cantos do país e até ao exterior, o que lhe fez de objeto de reportagens da imprensa internacional.

Em 1930, casou-se com Maria Bonita, que foi a primeira mulher a participar do cangaço. Virgulino, tinha em torno de 50 pessoas no seu grupo, conhecidos como jagunços, e era procurado por mais de 4 000 soldados em vários estados brasileiros.

Ele se tornou amigo de coronéis e grandes fazendeiros, que lhe forneciam abrigo e apoio material em troca de nunca serem assaltados por seu grupo.

Os jagunços invadiam e assaltavam, apropriavam-se de terras, roubavam joias e animais. Sua vestimenta era basicamente de couro, adereços coloridos e chapéus característicos.

Como a ousadia e o destemor de Lampião estavam presentes em noticiários do país inteiro, as autoridades se sentiam publicamente desafiadas. Sua captura ou morte passou a ser uma questão de honra.

Em 1938, Lampião foi morto numa emboscada. Sua cabeça foi decapitada e exposta à população como trunfo e vitória da policia contra a bandidagem.

O movimento dos cangaceiros continuou através de seu seguidor, Corisco, que se dedicou a vingar a morte de Lampião.
Porém em 1940 o cangaço chegou ao fim, com a morte de Corisco.

Lampião é odiado e idolatrado com igual intensidade, e tem sua imagem viva no imáginario popular mesmo depois de 70 anos de sua morte.

Ele teve grande influência nas artes, música, pintura, literatura e cinema do Brasil.

Nenhum comentário: