quarta-feira, outubro 15, 2014

Rota dos Escravos - iniciativa da UNESCO

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O projeto “A Rota do Escravo: Lições do Passado, Valores para o Futuro” comemora este ano seu 20° aniversário. 

Desde 1994, esta iniciativa da UNESCO tem inspirado as lutas atuais contra o preconceito, a discriminação racial e todas as formas de escravidão que ainda atingem mais de 20 milhões de pessoas em todo o mundo.  

Surgiu de uma iniciativa do Haiti em conjunto com vários países africanos que fizeram parte da “Rota dos Escravos”.

“A rota do escravo não é apenas um evento do passado: é a nossa história e moldou o caráter de várias sociedades modernas, criou laços indissolúveis entre povos e continentes, e transformou de maneira irreversível o destino, a economia e a cultura de nações”, disse a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova.

O tráfico transatlântico de escravos figura entre as mais extremas violações dos direitos humanos de toda a história. 

Nesses 20 anos de história, o projeto tem destacado as transformações globais resultantes dessa tragédia, assim como tem ajudado na conscientização sobre a escravidão e suas consequências.

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Para celebrar os 20 anos deste projeto, o Governo de Cabo Verde, através de vários ministérios, vai realizar várias atividades que começam em setembro e vai até o dia 31 de dezembro  de 2014.

O objetivo  é envolver a população, provocar reflexões, expor documentos, organizar exposições,  exibir filmes sobre a escravatura e o tráfico negreiro em todas as ilhas e promover um fórum organizado pelo Ministério da Educação e Desporto que possa discutir o trafico de escravos nos programas escolares de ensino.

De acordo com o Ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação  de Cabo Verde, o que o que se quer não é revisitar o nosso passado com nostalgia, mas “encontrar um futuro com o nosso passado”,  que consiste na produção de obras científicas e pedagógicas e toda a nossa herança, que pode enriquecer a  oferta turística, a dimensão do turismo cultural e a imagem do país no mundo. 

Cabo Verde foi a primeira sociedade escravocrata, que soube desconstruir uma imagem negativa do que foi a escravatura.

O Ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, também reconheceu o papel do país na historia da rota dos escravos, afirmando que Cabo Verde assumiu a posição de uma  plataforma desta rota, e que agora   o arquipélago deve recentrar a sua atenção e fazer com que os cabo-verdianos conheçam um pouco melhor da sua história.

Cabo Verde quer reconstruir a rota mundial do tráfico de escravos e fazer com que os cidadãos estejam conscientes da sua contribuição e herança para a formação da sociedade e da história mundial.

A lingua crioula nasceu em Cabo Verde e expandiu-se pelo mundo, representando um "grande contributo" para o desenvolvimento da humanidade e de novas línguas.

Curiosidades sobre os algumas Rotas dos Escravos:

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Rota de Angola

Essa rota foi responsável por cerca de 40% dos 10 milhões de africanos levados para as Américas. 
No caso do Brasil, os navios que partiam da costa dos atuais territórios do Congo e de Angola se destinavam principalmente aos portos de Recife, Salvador e Rio de Janeiro. 
Os povos da África Central Atlântica, como os ovimbundos, bacongos, ambundos e muxicongos, pertenciam ao chamado grupo linguístico banto, que reúne cerca de 450 línguas.

O tráfico dessa região para o Brasil começou ainda no século XVI. Foi inicialmente marcado pela aliança entre os portugueses e o reino do Congo. 

Mas, para escapar do monopólio do rei congolês no fornecimento de africanos escravizados, Portugal passou a concentrar esforços na região mais ao sul, onde hoje se situa Angola. 
De lá, veio a maior parte dos africanos que entraram no Brasil, principalmente pelo Rio de Janeiro, no período colonial.

Rota da Guiné

No século XVI, a Alta Guiné foi o principal núcleo de obtenção de africanos pelos traficantes portugueses. De Cabo Verde, saíam navios com cativos vindos principalmente da região onde hoje se situam Guiné-Bissau, Senegal, Mauritânia, Gâmbia, Serra Leoa, Libéria e Costa do Marfim. 
Essa área era habitada por diferentes povos, entre os quais os balantas, fulas, mandingas, manjacos, diolas, uolofes e sereres.
O destino desses povos eram as regiões Nordeste e Norte do Brasil. Mas a Rota da Guiné teve menor impacto sobre a formação da população brasileira do que as outras rotas, pois a necessidade de mão-de-obra nas Américas ainda era pequena no primeiro século da colonização.

Rota de Moçambique

No início do século XIX, a Inglaterra passou a pressionar Portugal no sentido de acabar com o tráfico de escravos, o que resultou nos tratados de 1810 entre os dois países. 

Para escapar ao controle britânico na maior parte do Atlântico, muitos traficantes se voltaram para uma rota até então pouco explorada, que partia da África Oriental. 

Os navios saíam principalmente dos portos de Lourenço Marques (atual Maputo), Inhambane e Quelimane, em Moçambique, e se dirigiam ao Rio de Janeiro.

Africanos embarcados nesses portos pertenciam a uma diversidade de povos, entre os quais os macuas, swazis, macondes e ngunis, e ganhavam no Brasil a designação geral de "moçambiques". 

Entre 18% a 27% da população africana no Rio do século XIX era de moçambiques. No entanto, nem todos vinham da colônia portuguesa e, sim de regiões vizinhas – onde hoje estão Quênia, Tanzânia, Malauí, Zâmbia, Zimbábue, África do Sul e Madagascar. 
O grupo linguístico majoritário era o banto.

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