sexta-feira, abril 24, 2015

Dia Mundial da Luta contra a Malária - 25 de Abril




No Dia Mundial de Luta contra a Malária 2015, a Organização Mundial de Saúde está destacando a importância para o compromisso de um mundo livre de Malária. O tema, definido pela parceria “Roll Back Malaria”, é “Investir no futuro: Vamos derrotar a Malária”.

FOTO - OMS
Isso reflete os ambiciosos objetivos e metas fixadas nas estratégias pós-2015, apresentadas na Assembléia Mundial da Saúde, em maio. Quatro países ficaram livres da malária na última década e o plano estabelece a meta de eliminação da doença, a partir de mais de 35 países em 2030.

Enquanto enormes ganhos na luta contra a malária têm sido realizados nos últimos anos, a doença ainda tem um impacto devastador sobre a saúde das pessoas em todo o mundo, principalmente na África, onde mata quase meio milhão de crianças menores de 5 anos todos os anos.  


Ferramentas eficazes para prevenir e tratar a malária já existem, mas é necessário maiores investimentos para torná-los disponíveis a pessoas que necessitam e também, para combater a emergente resistência a inseticidas.

Mas, o que é a Malária?

Malária é uma doença potencialmente fatal causada por parasitas transmitida a pessoas através da picada de mosquitos infectados. No entanto, esta doença é curável e evitável!

Cerca de 3,4 bilhões de pessoas estão em risco de contrair malária, de entre os quais 1,2 bilhões apresentam risco elevado.
Em 2012, estima-se que tenham ocorrido entre 473 000 a 789 000 mortes provocadas por malaria, maioritariamente crianças africanas. 

Em 2013, 97 países continuam a ter transmissão de malária.

Viajantes não-imunes de zonas sem malária são particularmente vulneráveis à doença quando infectados.

A malária é causada por parasitas Plasmodium sp. Os parasitas são transmitidos através da picada do mosquito Anopheles, os vetores da malária, que atacam principalmente na madrugada e no crepúsculo.
Existem quatro espécies que podem causar malária em humanos:
  • Plasmodium falciparum
  • Plasmodium vivax
  • Plasmodium malariae
  • Plasmodium ovale

parasitas Plasmodium spp. em eritrócitos
Plasmodium falciparum and Plasmodium vivax são so mais comuns. Plasmodium falciparum é o mais letal.

Mais recentemente, têm havido alguns casos de malária em humanos com Plasmodium knowlesi – uma espécie que causava malária em macacos e ocorrem em algumas áreas florestais do Sudeste Asiático.

Transmissão

A malária é transmitida exclusivamente através da picada dos mosquitos Anopheles. A intensidade da transmissão depende de fatores relacionados com o parasita, o vetor, o hospedeiro e o ambiente.

Existe cerca de 20 espécies diferentes de Anopheles que são importantes neste âmbito. Todos os vetores mordem de noite. Os mosquitos Anopheles procriam na água e cada espécie tem as suas condições preferenciais. Alguns preferem águas superficiais como poças e campos de arroz. Maior intesidade é observada em locais onde a longevidade do mosquito é maior (o parasita tem tempo para completar o desenvolvimento no interior do mosquiro). A grande longevidade e o forte hábito para picar humanos dos vetores africanos é uma das razões pelas quais cerca de 90% das mortes provocadas por malária ocorrem na África.


A transmissão também depende das condições climáticas como padrão de precipitação, temperatura e humidade, que podem afetar a sobrevivência e o número de mosquitos. 

Educação: um professor ensina sobre os mosquitos e a malária
Em muitos lugares, a transmissão é sazonal, ocorrendo um pico durante a época das chuvas. Epidemias de malária podem ocorrer quando o clima e outras condições favorecem a transmissão numa região onde as pessoas têm imunidade baixa ou nula contra a malária.

Sintomas

A malária é uma doença febril aguda. Num indivíduo não-imune, os sintomas aparecem sete dias ou mais (geralmente 10-15 dias) após a picada do mosquito infectante.

Os primeiros sintomas são: 

- Febre 
- Dor de cabeça 
- Calafrios e vômitos 

As crianças com malária grave desenvolvem frequentemente um ou mais dos seguintes sintomas: anemia grave, dificuldade respiratória devido a acidose metabólica, ou malária cerebral. Em adultos, o envolvimento de múltiplos órgãos também é frequente. Em áreas endêmicas da malária, as pessoas podem desenvolver imunidade parcial, permitindo que as infecções assintomáticas ocorram.


Grupos de risco

- Crianças de tenra idade em áreas de transmissão sustentada que ainda não desenvolveram imunidade a formas severas da doença;

- Mulheres grávidas não-imunes ou semi-imunes. A Malária causa uma taxa elevada de aborto e pode levar a morte materna, e pode causar perda de peso ao nascimento, principalmente na primeira ou segunda gravidez;

- Mulheres grávidas semi-imunes infetadas com HIV em áreas de transmissão sustentada. Durante a gravidez, mulheres infectadas com malária têm maior probabilidade de passar a infecção por HIV para os fetos;

- Indivíduos com SIDA ou HIV positivo;

- Viajantes de áreas não endémicas, por ausência de imunidade;
Família e amigos que visitem indivíduos que residem em áreas endémicas, por ausência de imunidade.

Diagnóstico e tratamento
teste rápido de diagnóstico Binax NOW

O diagnóstico precoce e tratamento da malária reduz a severidade da doença e previne mortes. Contribui também para reduzir a transmissão.

A melhor terapia disponível para malária por P. falciparum é a terapia combinada com artemisinina (ACT).

A OMS recomenda que todos os casos suspeitos sejam confirmados usando um teste de diagnóstico rápido ou ao microscópio antes da administração do tratamento. Os resultados da confirmação podem estar disponível em menos de 15 minutos. Tratamento baseado somente em sintomas deve ser realizado apenas quando não existem meios de diagnóstico. 

Para recomendações mais detalhadas por favor consulte as Diretrizes da OMS.

Para ver formas parasitárias, consulte a página do CDC:
http://www.cdc.gov/dpdx/malaria/gallery.html

Prevenção

O controle de vetores é a principal forma de reduzir a transmissão da malária a nível comunitário.

Para indivíduos, proteção pessoal contra picadas de mosquitos é a primeira linha de defesa na prevenção da malária.

Podem ser usadas redes mosquiteiras tratadas com inseticidas (ITNs). A forma preferencial são as redes com inseticidas duradouros. Outra forma de reduzir a transmissão é usar spray residual de inseticidas. Spray no interior pode ser eficaz entre 3 a 6 meses dependendo do inseticida e do tipo de superfície. DDT pode ser eficaz até 12 meses em alguns casos. Novos inseticidas estão também a ser desenvolvidos.

Para viajantes, a malária pode ser também prevenida através de quimioprofilaxia, que suprime as fases hematológicas da malária. Para além disso, a OMS recomenda tratamento preventivo intermitente com SP para mulheres grávidas e crianças de tenra idade em áreas de elevada transmissão.

redes mosquiteiras

Resistência a inseticidas

Grande parte do sucesso no controle da malária deve-se ao controle de vetores. No entanto, este é muito dependente do uso de piretróides, que é a única classe atualmente recomendada para uso em redes mosquiteiras. Recentemente, resistência a piretróides começaram a surgir em vários países. Em algumas regiões, resistência às 4 classes de inseticidas usados para a saúde pública foram detetadas. Felizmente, a resistência está apenas associada a redução da eficácia, e a maioria continua a ser uma ferramenta altamente eficaz para quase todos os quadros.


FOTO - Green Overdose
Em países da África subsaariana e na Índia, caracterizados por elevados níveis de transmissão da malária e com relatos difundidos de casos de resistência a inseticidas, a preocupação foca-se no desenvolvimento de inseticidas alternativos.






A detecção de resistências deve ser a parte essencial dos esforços nacionais para o controle da malária. A escolha do inseticida deve ser sempre baseada em dados locais mais recentes sobre a suscetibilidade dos vetores.

Vigilância

Os sistemas de vigilância da malária detectam apenas cerca de 14% do estimado número de casos globais. Melhores sistemas de vigilância são necessários para uma resposta atempada e efetiva à malária em regiões endêmicas para prevenir surtos, seguir o progresso e responsabilizar os governos e a comunidade.

Eliminação

Com base nos casos reportados em 2012, 52 países estão num bom caminho para reduzir a incidência por 75%, dentro do objetivo para 2015. O uso em grande escala das estratégias recomendadas pela OMS, das ferramentas atualmente disponíveis, o compromisso nacional e esforços conjuntos com parceiros permitirá a mais países reduzir a carga da doença e progredir para a eliminação.

Nos últimos anos, 4 países foram certificados como tendo eliminado a malária: Emirados Árabes Unidos (2007), Marrocos (2010), Turquemenistão (2010), Armênia (2011).

Vacinas

Atualmente não existem vacinas licenciadas contra a malária ou qualquer outro parasita humano. Uma vacina experimental contra P. Falciparum, conhecida como RTS, S/AS01, está em desenvolvimento. Está neste momento a ser avaliado em grande escala em 7 países da África. Os resultados finais são esperados no final de 2014, e recomendações sobre o uso ou não desta vacina no controlo da malária está prevista para o final de 2015.

Fundos

FOTO - StockphotoMShep2
Uma estimativa de 5,1 bilhões de dólares são necessários por ano para atingir cobertura universal das intervenções contra malária. No entanto, os fundos continuam a ser escassos, comparado com a necessidade. Em 2012, o total dos fundos internacionais e domésticos usados para malária foi de 2,5 bilhões, menos de metade do necessário.

Bibliografia:
http://www.who.int/campaigns/malaria-day/2014/en/
http://www.rollbackmalaria.org/news-events/events/world-malaria-day

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