O seu criador, Augusto Boal, foi indicado para o prêmio Nobel da Paz pelo seu sucesso no uso do teatro como instrumento para o ativismo social.
As teorias de Freire encontraram solo fértil em Moçambique, onde há uma longa tradição de teatro comunitário e socialmente engajado.
Depois do acordo de paz em 1992 que colocou um ponto final em 16 anos de guerra, a Companhia Nacional de Canto e Dança cruzou o país anunciando que o conflito havia terminado e pedindo reconciliação.
Mais tarde, inúmeros grupos de teatro locais explicaram como evitar minas terrestres, como votar nas primeiras eleições democráticas. Em 1997, atores explicaram a camponeses os seus direitos na nova lei da terra.
Assim, o Teatro dos Oprimidos tem sido bem recebido pela população.
Em África, um programa chamado Teatro dos Oprimidos Ponto a Ponto, co-financiado pelo Ministério da Cultura Brasileiro, faz o elo entre o programa no Brasil e um número cada vez maior de grupos de teatro em Moçambique e Guiné-Bissau.
Através de workshops e intercâmbios, este estilo de teatro espalhou-se e provou ser um excelente método para revelar obstáculos culturais no tratamento e prevenção do HIV.
GTO-Maputo teve início em 2001, depois que Alvim Cossa, fundador da secção Moçambicana, passou seis meses estudando a metodologia teatral no Rio de Janeiro graças a uma bolsa da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.
Hoje, Moçambique conta com 120 grupos de teatro em 83 distritos. As peças privilegiam principalmente a prevenção da malária, da cólera, da tuberculose e do HIV. A organização tem parceria com a rede de activismo jovem Geração Biz, com o Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Pathfinder International.
“A grande diferença é que não há espectadores. As pessoas participam,” disse Cossa.
“O teatro é apresentado a partir de uma pergunta, e a audiência traz a resposta.”
As peças são apresentadas em lugares públicos – mercados, escolas ou comércios – e o público é convidado a participar e apresentar suas próprias soluções às relações desiguais de poder mostradas na peça.
Numa das apresentações de “O Meu Marido está a Negar” num mercado movimentado de Maputo, pediu-se ao público que se colocasse no lugar da personagem oprimida, a esposa grávida, e de sugerir soluções ao seu dilema.
Grupos em distritos rurais recolhem as suas histórias junto aos residentes locais e preparam as peças usando a linguagem, as cores e os gestos da região.
Segundo Cossa, o resultado é melhor do que uma palestra ministrada em Português que distribuísse material escrito a uma população majoritariamente analfabeta.
Notícia completa no site: Plusnews:
http://www.plusnews.org/pt/Report.aspx?ReportId=76575
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