Para Iracema do Rosário, presidente do Instituto da Mulher e Criança “não podemos permitir que práticas nefastas deste tipo continuem a tirar vida a pessoas inocentes”.
Tradição
A excisão feminina ou fanado, como é chamada em Guiné-Bissau, é praticada pelas chamadas “fanatecas”, que tiram o clitóris e, às vezes, os lábios da genitália das mulheres em troca de dinheiro ou de mercadorias como galinhas, arroz ou sabão.
No ritual, os corpos das meninas são pintados com farinha de arroz ou talco. De acordo com dados de 2007 do UNICEF, cerca de 4 mil meninas são excisadas a cada ano e estima-se que entre 250 mil e 500 mil mulheres sofram com sequelas físicas ou psicológicas da mutilação.
Organizações locais também conseguiram que fosse introduzido no país o chamado fanado alternativo, em que todos os rituais são respeitados, mas não se faz o corte do clitóris. Mas este tipo de fanado ainda tem menos força e muitas mães levam as filhas todos os anos para as fanatecas.
As fanatecas herdam a profissão das mães e, muitas vezes, também as facas. Sem esterelização e condições de higiene, o fanado pode acarretar infecções e a transmissão do HIV - a mesma faca é geralmente usada em várias operações.
A mutilação genital feminina é praticada nas regiões de Bafatá e Gabú no leste, Oio no norte e Quinará e Tombali no sul. Um projecto de lei proibindo a prática foi levado ao parlamento em 2006, mas até hoje não foi aprovado.
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