quarta-feira, março 24, 2010

24 de Março de 2010: DIA MUNDIAL DA TUBERCULOSE

MENSAGEM DO DIRECTOR REGIONAL de AFRO
Dr. Luis Gomes Sambo

Hoje é o Dia Mundial da Tuberculose (TB).

É uma efeméride em que se lembra a todo o mundo a ameaça que a Tuberculose continua a colocar às populações humanas, apesar de existirem intervenções eficazes de controlo.
Neste ano, o tema do Dia Mundial da Tuberculose é “Inovação” e o lema é:
“Em marcha contra a Tuberculose”.

A Tuberculose continua a ser uma doença transmissível de grande importância para a saúde pública na Região Africana que, com cerca de 12% da população mundial, alberga desproporcionalmente pelo menos 22% dos novos casos de Tuberculose que surgem por ano.


A Região Africana tem o mais alto rácio de notificações de Tuberculose por 100.000 habitantes. Na Região, apenas são identificados cerca de 47% dos novos casos previstos de Tuberculose na população e desses só 79% completam o tratamento.

Em 2008, só 12 países da Região atingiram a meta internacionalmente recomendada de identificar pelo menos 70% dos novos casos previstos, enquanto 13 países atingiram a meta internacionalmente recomendada de 85% de finalização dos tratamentos.

Em média, 35% do total de pacientes de Tuberculose na Região estão também infectados pelo VIH. Esta dupla infecção faz da Tuberculose um dos maiores assassinos entre os adultos que vivem com VIH, com estimativas a atribuir-lhe cerca de 40% do total das mortes de adultos infectados pelo VIH.


A disseminação da Tuberculose tem sido agravada pela emergência das estirpes resistentes aos medicamentos, conhecidas por Tuberculose Multirresistente (MDR-Tuberculose) e Ultrarresistente (XDR-Tuberculose). A Tuberculose causada por estas estirpes resistentes aos medicamentos é difícil de tratar. Embora não se conheça a real dimensão do fardo da Tuberculose resistente aos medicamentos, foram identificados casos em todos os países que realizaram inquéritos.

Até ao presente, 33 países da Região notificaram pelo menos um caso de Tuberculose Multirresistente e oito referiram pelo menos um caso de Tuberculose Ultrarresistente.

A debilidade dos sistemas de saúde nos países da nossa Região é um grave obstáculo à intensificação das actividades de controlo. No geral, os financiamentos dos governos para as actividades de controlo da Tuberculose são inadequados; a rede de laboratórios da Tuberculose com garantia de qualidade é escassa, o que limita o acesso à capacidade de diagnóstico; são em número limitado os profissionais com competência para prestar serviços de Tuberculose com boa qualidade; os sistemas de registo e notificação das tendências da doença e de avaliação do impacto das intervenções são deficientes, o mesmo acontecendo com os fluxos financeiros.

O tema e o mote do Dia Mundial da Tuberculose 2010 respondem directamente à necessidade de acelerarmos os esforços no sentido de uma maior participação comunitária e de maior impulso à investigação, para garantir métodos de diagnóstico melhores e mais exactos e mais acesso ao tratamento, incluindo para os casos de resistência aos medicamentos.

Com esta finalidade, a OMS e os parceiros apoiam a investigação orientada para novos instrumentos de diagnóstico e novos medicamentos, que acelerem a identificação dos casos e encurtem a duração do tratamento.

Gostaria de aproveitar esta ocasião para apelar às autoridades nacionais para que mobilizem mais recursos governamentais, do sector privado e dos parceiros, para a luta contra a Tuberculose. Isso poderá ser facilitado com a celebração de parcerias nacionais para Travar a Tuberculose.

Governos, organizações não governamentais, organizações de base comunitária, serviços prisionais e militares e outros parceiros, todos devem colaborar para assegurar a oferta ininterrupta de medicamentos anti-tuberculose de primeira e segunda linha, de qualidade garantida. Devem também facilitar o teste do VIH a todos os pacientes com Tuberculose e devem orientar todos os que tenham a dupla infecção para os serviços de cuidados ao VIH/SIDA, em especial para tratamento anti-retroviral e tratamento preventivo com co-trimoxazol, de acordo com as directrizes da OMS. É também essencial que todos os países instaurem e acelerem o tratamento da Tuberculose resistente aos medicamentos, no âmbito do programa das actividades básicas de luta contra a Tuberculose. Todos os prestadores de cuidados do VIH devem facilitar o teste da Tuberculose aos seus pacientes, para garantir aos infectados os benefícios do diagnóstico e tratamento precoces.

As autoridades nacionais e todos os prestadores de cuidados de saúde devem intervir junto das comunidades e da sociedade civil, capacitando-as para referir pessoas com sintomas de Tuberculose para serem examinadas e também para supervisar os pacientes em tratamento, aumentar a adesão ao tratamento, reduzir o número de pacientes que não completam o tratamento e, em última análise, reduzir a taxa de mortalidade graças a um diagnóstico e tratamento de boa qualidade. A população em geral deve também assumir a responsabilidade de cada um se apresentar numa unidade de saúde para exame e tratamento, na presença de tosse ou outro mal-estar.

Com somente cinco anos até à meta temporal dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, estas e muitas outras acções são urgentemente necessárias para garantir progressos na luta contra a Tuberculose na Região Africana. Os governos dos países e os parceiros colaboradores devem dar-se as mãos num esforço renovado de luta contra a Tuberculose na nossa Região.

Creio firmemente que, juntos, podemos fazer uma enorme diferença e que, graças aos nossos esforços colectivos, a Tuberculose deixará de ser um problema de saúde pública na África.

Unidos, façamos uso de mais Inovação, em marcha contra a Tuberculose neste ano.

Muito obrigado.


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