quinta-feira, junho 16, 2011

Fale com o Balafon


O balafon é um grande xilofone (instrumento de percussão), originário do oeste Africano. Está presente em várias cerimónias e rituais como casamentos, circuncisão, o final da colheita, funerais e para festejar a lavoura.


Este instrumento é original e constituído por cabaças, de diversos tamanhos que são afinadas de acordo com cada tecla, as quais possuem pequenos furos de onde são estendidas teias, obtidas do casulo de um determinado tipo de aranha, produzindo uma ressonância rara, designada pelo efeito de "mirliton", que é amplificado pelas pulseiras de metal que o músico usa no pulso.


A afinação do instrumento é relacionada com o dialeto peculiar a cada grupo étnico ou às escalas de suas canções originando múltiplas variações.

Mas porquê estas variações?
Porque o balafon pode ser tocado com o intuito de reproduzir os timbres e tonalidades da língua falada. Uma língua tonal.
Mas a sua técnica de tocar também pode originar uma melodia acompanhada de canto ou ou não.


Conta a história que...
                                     " ...no século XII, Nare Maghann Konate reinou sobre Mande, uma região que na altura cobria o atual leste do Mali e norte da Guiné.
Este rei tinha dois filhos, Soundiata Keita da sua primeira esposa e Dankaram Touman da sua segunda mulher. Quando o rei morreu, o segundo filho tomou o poder exilando seu irmão mais velho.
Longe de suas terras, Soundiata Keita viajou por todo o  país formando alianças com chefes de outros clãs.
Imaginando que isso poderia acontecer, seu pai, antes de morrer nomeou um conselheiro para o seu filho mais velho.

No sul do país existia outro reino, Sosso, governado por com mão de ferro por Soumaoro Kante
Este rei encorajado pelo desejo de grandeza anexou os pequenos reinos das redondezas e cobiçava o reino de Mande pelo seu minério de ouro.

Soundiata alarmado com as ambições de seu vizinho enviou o seu conselheiro, Bala Faseke, como embaixador, à corte de Sosso para tentar mediar a situaçõ comunicação. Mas o rei Soumaoro Kante aprisionou-o, violando o costume ancestral de respeitar os conselheiros reais.

Segundo a história, o povo Dondori no Quénia, mostrou ao rei Soumaoro Kante um instrumento que ele nunca tinha visto: o Balafon.
O rei encantado com o instrumento decretou que ninguém mais tinha o direito de tocá-lo.  Se algém se atrevesse a faze-lo seria imediatamente executado.

Um dia, em desafio a esta interdição, Bala Faseke entrou no quarto secreto onde o balafon estava guardado e começou a tocá-lo.
Ao ouvir o som de seu instrumento, Soumaoro ficou furioso e tentou mata-lo, mas este o enfeitiçou com a música.
Ele tocava virtuosamente e encantou o rei, que decidiu então nomear Bala Faseke como seu próprio conselheiro.
A guerra entre Soundiata Keita e Soumaoro Kante tornou-se inevitável. Após diversas batalhas Bala Faseke conseguiu regressar ao seu mestre original.
Soundiata Keita, com apoio de seu conselheiro ganhou a guerra tornando-se o primeiro rei de Mali.
Bala Faseke continuou tocando o balafon por muito tempo e desde então, todos os conselheiros de cada reino podiam exercer as suas funções e desenvolver a arte de tocar o balafon. Bala Faseke fundou uma linhagem de Griots, os zeladores pelo balafon.

De acordo com os diferentes grupos étnicos, os tocadores podem ou não ser Griots. Os Griots aprendem a  tocar o balafon desde pequenos. 
A criança senta em posição oposta à do seu professor e aprende por imitação. Ela começa tocando uma única nota, para adquirir o sentido de ritmo. Então, tão logo que seja capaz de falar, ele está pronto para aprender como fazer o instrumento falar. A criança toca a partir do ditado verbal, repetindo no balafon as palavras que ela compreende.

Antes que um balafon possa ser retirado de seu local sagrado, é necessário um ritual. 
Derrama-se cerveja de painço ou sacrifica-se uma galinha.
Este sacrifício é um meio de obter permissão dos espíritos para usar o balafon e "dar-lhe voz". Igualmente, quando um novo balafon é feito, o mesmo ritual deve ser realizado.

 
O balafon Balante é característico da Guiné-Bissau e é heptatônico, medindo até 1,60 metros de comprimento, normalmente  constituído por 27 notas, tocado por um ou dois músicos. 
Neste caso, um dos músicos atua como um solista tocando as notas mais agudas, enquanto o outro atua como um baixista, tocando as notas graves.
O solista pode usar uma espécie de pulseira "kziguir", equipada com sinos que é colocada em volta de cada pulso.

Em 2004, a UNESCO adicionou o balafon à lista do património mundial.

Para saber mais:
http://www.gert-kilian.com/en/balafonen.html

http://instrumentosmusicais.ning.com/forum/topics/balafons-africanos

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