Esta semana terminamos a série sobre a evolução cultural dos países africanos de língua oficial portuguesa com Moçambique e São Tomé e Príncipe.
MOÇAMBIQUE
Moçambique Fonte: Africanidade |
É o único país de língua portuguesa em África localizado na costa leste do continente. Possui uma grande diversidade étnica, cultural e linguística com mais de 43 línguas diferentes faladas no país, segundo o site Ethnologue. No entanto, apenas o Português é língua oficial.
Os primeiros habitantes de Moçambique eram grupos nómadas de caçadores como os Khoi e os San.
Entre os séculos I e V, chegaram povos Bantu vindos do norte e oeste da África. Aí estabeleceram comunidades, dedicando-se à agricultura e pastoreio e trazendo consigo o metal.
Mais tarde, os Árabes começaram a estabelecer postos comerciais na costa leste do continente africano, desenvolvendo cidades que chegaram a ser importantes centros políticos e comerciais.
Os Árabes foram-se misturando com os povos africanos, dando origem à cultura híbrida Swahili.
De fato, acredita-se que o nome 'Moçambique' tem origem no nome do chefe árabe Musa al Big, que habitava na região norte do país. Em 1498, com a chegada dos portugueses, a influência comercial árabe começou a decair. E a partir de então, Moçambique passou a ser um país fortemente marcado pela presença colonial portuguesa.
Mas os diferentes grupos culturais e étnicos de Moçambique sempre foram muito marcantes. No norte, as comunidades têm geralmente tradição matrilinear, são semi-nómadas e assimilaram menos a influência dos portugueses. No sul, a influência portuguesa é mais marcante sentida no vestuário, língua e religião.
Ainda hoje existe um grande número de grupos étnicos em Moçambique, tais como:
Makhuwa - também escrito Makua, habitam também a Tanzânia a África do Sul e são o maior grupo étnico no norte de Moçambique, com cerca de 37% da população do país. Os Makhuwa são majoritariamente animistas, embora exista uma minoria de cristãos e muçulmanos. Falam o Makua (juntamente com o português), que se divide em seis dialectos. Tradicionalmente, os Makhuwa acreditam que o seu povo teve origem na montanha Namuli, para onde viajam os espíritos das pessoas que morrem.
Mulher Tonga em Moçambique Fonte: Joshua Project |
Os Makhuwa têm uma sociedade matrilinear em que as crianças pertencem às mães e à família materna e não ao pai ou à família paterna.
Tsonga - no século XVI habitavam as regiões central e sul de Moçambique e são hoje o maior grupo étnico ao sul do rio Zambezi, que corta o país ao meio. OsTsonga incluem outros grupos étnicos menores como os Shangaan, os Thonga e os Tonga.
Com a chegada de refugiadosdo povo Nguni, os Tsonga foram assimilando seus costumes e crenças que foi-se atenuando com a chegada dos portugueses.
Tsonga - no século XVI habitavam as regiões central e sul de Moçambique e são hoje o maior grupo étnico ao sul do rio Zambezi, que corta o país ao meio. OsTsonga incluem outros grupos étnicos menores como os Shangaan, os Thonga e os Tonga.
Com a chegada de refugiadosdo povo Nguni, os Tsonga foram assimilando seus costumes e crenças que foi-se atenuando com a chegada dos portugueses.
Com uma história de dispersão e desintegração provocadas por outros povos, os Tsonga foram perdendo várias das suas práticas tradicionais. No entanto, mantiveram- a poligamia, a primazia da primeira mulher sobre as outras esposas e assumiram a religião cristã. Os Tsonga têm estruturas sociais complexas, centradas na família ou na linhagem. As relações tribais determinam a estrutura da comunidade.
Os Shangaan constituíram-se como resultado da mistura dos povos Nguni e Tsonga, conquistados por Soshangane, do povo Zulu, que veio a construir o reino de Gaza a partir da subjugação de vários grupos indígenas.
Soshangane ocupou o território do rio Nkomati no sul até aos rios Zambezi e Pungwe no Norte. Os Sena, os Chokwe, os Manyika, os Yao, os Chopi e os Nguni compõem alguns dos outros grupos.
Makonde - também chamados de Macondes, falam o Makonde, o Português, o Swahili e o Makua e habitam sobretudo junto ao rio Rovuma, no extremo norte de Moçambique.
Os Makonde resistiram à tentativa de escravatura por outros grupos africanos, árabes e europeus, escapando ao domínio colonial até os anos 1920. Foi em território Makonde que teve origem o movimento de independência do país.
São um povo sobretudo cristão e muçulmano, embora ainda mantenham algumas das crenças tradicionais ancestrais. São tradicionalmente um grupo matrilinear em que são os maridos a mudar-se para as aldeias das suas mulheres.
Ndau - falam o Ndau e habitam no Vale do Zambezi, no centro de Moçambique, e na região leste do Zimbabwe. Os seus antepassados eram guerreiros da Suazilândia que se foram misturando com os grupos dos Manika, dos Barwe, dos Tewe e dos Ndau, que incluem vários subgrupos da província de Sofala.
Constituem cerca de 9% da população total de Moçambique.
Em Moçambique também existe uma população europeia e indiana, que representam uma fatia muito pequena da população.
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
É o segundo menor país africano depois das ilhas Seychelles e o menor dos países de língua portuguesa, com cerca de 160 mil habitantes.
Foi assim apelidado pelos Portugueses, que aí chegaram no dia de São Tomé em 1470. As duas ilhas inabitadas foram estabelecidas como postos comerciais com o continente e suas terras vulcanicas eram bastante propícias para a agricultura.
A escravatura foi outro dos aspectos que marcou fortemente a história do pequeno país, tendo as ilhas servido não apenas de plataforma para o comércio de escravos em África durante o século XVII, como também receberam, elas mesmas mais tarde, escravos vindos de Angola para trabalhar nas roças produtoras de café e cacau.
Os primeiros habitantes de São Tomé e Príncipe foram colonos vindos de Portugal, entre os quais Judeus. Desde então, vários grupos e etnias passaram por São Tomé, dando origem a uma população muito diversa, hoje constituída pelos:
· Fôrros - são descendentes dos escravos a quem foi concedida a liberdade após a abolição da escravatura.
· Angolares - que habitam na costa sudeste, descendentes dos escravos angolanos que desembarcavam na ilha para trabalhar na roças produtoras de cacau.
· Mestiços - conhecidos como "filhos da terra", são descendentes dos colonos portugueses e dos escravos africanos trazidos de países como Benim, Gabão e Congo durante os primeiros anos de colonização.
· Serviçais - trabalhadores contratados de Angola, Moçambique e Cabo Verde, temporariamente na ilha.
Em São Tomé e Príncipe vivem também Europeus, sobretudo Portugueses.
Fontes:
Africanidade. Disponível em http://www.africanidade.com/
The Africa Guide. Disponível em http://www.africaguide.com/culture/index.htm
Countries and their cultures. Disponível em http://www.everyculture.com/
Encyclopaedia Britannica. Disponível em http://www.britannica.com/
Ethnologue. Disponível em http://www.ethnologue.com
Every Culture. Disponível em http://www.everyculture.com/
Gaza Kingdom. Disponível em http://www.gazakingdom.net/
Kruger Park. Disponível em http://www.krugerpark.co.za/
SIM (Serving in Mission ). Disponível em http://www.sim.org/
Turismo de São Tomé e Príncipe. Disponível em http://www.stptourism.st/
UNHCR. Disponível em http://www.unhcr.org/
Wikipedia. Disponível em http://en.wikipedia.org/
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