O século XIV foi um período sombrio para o continente europeu: surtos de fome assolavam a população, acirrando os conflitos sociais entre servos e senhores, vidas e recursos eram sacrificados na Guerra dos Cem Anos e o feudalismo mostrava francos sinais de decadência.
Na Inglaterra, folhas amareladas anunciavam o início do outono de 1348 e a chegada de uma das maiores pandemias já vividas pela humanidade. Trazida desde a China por comerciantes que cruzavam a Rota da Seda, a Peste Negra entra pelo continente europeu através da região da Criméia.
Também conhecida como "Peste Bubônica" ou "Grande Peste", essa enfermidade infecciosa era transmitida através de pulgas de roedores. O quadro clínico - febre, inchaço dos linfonodos e dores corporais - era devastador e, em 1/3 dos casos, fatal. Estudiosos estimam que, entre 1347 e 1351, 30 a 70% da população europeia foi dizimada pela enfermidade, espalhando o pânico e o terror pelo Velho Continente. Para a religiosa mentalidade feudal, a epidemia era uma manifestação da fúria divina, uma inquestionável anunciação do apocalipse.

A comunidade científica já acreditava ser essa a bactéria causadora da Peste Bubônica, mas uma série de incertezas cercavam essa hipótese. Após a grande epidemia do século XIV, a peste continuou a rondar a Europa e causar eventuais surtos da doença até meados do século XIX, quando finalmente abandonou o continente europeu. Desde então, surtos isolados foram registrados, porém os casos modernos da doença são muito mais amenos e menos mortais.
Nas últimas décadas, ocorreu uma re-emergência da forma não bubônica da doença, principalmente em países asiáticos e africanos. Entre 2004 e 2008, 11 000 casos foram notificados, resultando em 700 mortes. O quadro clínico assemelha-se aos sintomas experenciados pela população europeia na Idade Média, porém em menor intensidade. Antibióticos são eficazes para o tratamento; entretanto, a dificuldade e a demora no diagnóstico podem levar parte dos doentes a evoluir para a morte.

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