No dia 21 de fevereiro de 1952, na cidade de Daca, atual capital do Bangladesh (na época fazia parte do Paquistão), a polícia paquistanesa disparou sobre um grupo de estudantes que se manifestava reivindicando que a sua língua materna, o Bengali, fosse reconhecida como uma das duas línguas nacionais do Paquistão.
Em 1971, Bangladesh tornou-se indepedente e o Bengali tornou-se sua língua nacional com cem milhões de falantes. O Bengali é também a língua materna de 70 milhões de indianos que vivem na região de Bengala ocidental e arredores.
Quarenta e sete anos depois, em novembro de 1999, a 30ª sessão da Conferência Geral da UNESCO, por proposta do Bangladesh, proclamou o dia 21 de fevereiro como Dia Internacional da Língua Materna.
“a promoção e difusão das línguas maternas não só estimulam a diversidade linguística e a educação multilingue como contribuem também para desenvolver uma maior consciência das tradições linguísticas e culturais do mundo e serve para fomentar a solidariedade baseada no entendimento, na tolerância e no diálogo”.
Há quem considere que a diversidade linguística e cultural do mundo corre o risco de se transformar numa empobrecedora homogeneidade (Antonio Moreno).
A cada ano que passa, o número de línguas diminui assustadoramente; seja pela diminuição do número de pessoas que falam a língua; seja pela destruição de comunidades inteiras devido à guerras, deslocamentos forçados ou mesmo pela falta de meios de subsistência.
Além disso, a imposição de uma língua única e exclusiva, e a força cultural imposta pelos meios de comunicação gloalizados são também fatores coadjuvantes da eliminação de um idioma.
Segundo o Ethnologue (um dos maiores sites dedicados à idiomas), existem quase 7000 línguas no mundo e o português é a sétima língua mais falada. Mas existem também idiomas que é somente falado por um punhado de pessoas e que em breve, desaparecerão.
De acordo com o Professor Antonio Moreno, 600 idiomas (11,5% das línguas do mundo) têm menos de 150 falantes, 1800 línguas (30,1%) têm menos de mil falantes e 59, 4% têm menos de 10 mil falantes.
Se juntarmos o fato de que somente pouco mais de 100 línguas têm registo escrito, então a morte das línguas é também a desertificação cultural do mundo. (Antonio Moreno).
Por todas estas razões, é necessário e urgente repensar o mito de Babel: talvez não tenha sido afinal um castigo, mas uma dádiva divina.
http://uaonline.ua.pt/pub/detail.asp?c=33323
http://www.ethnologue.com/
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