segunda-feira, fevereiro 25, 2013

História do Dia Internacional da Língua Materna


No dia 21 de fevereiro de 1952, na cidade de Daca, atual capital do Bangladesh (na época fazia parte do Paquistão), a polícia paquistanesa disparou sobre um grupo de estudantes que se manifestava reivindicando que a sua língua materna, o Bengali, fosse reconhecida como uma das duas línguas nacionais do Paquistão.

Em 1971, Bangladesh tornou-se indepedente e o Bengali tornou-se sua língua nacional com cem milhões de falantes. O Bengali é também a língua materna de 70 milhões de indianos que vivem na região de Bengala ocidental e arredores.

Quarenta e sete anos depois, em novembro de 1999, a 30ª sessão da Conferência Geral da UNESCO, por proposta do Bangladesh, proclamou o dia 21 de fevereiro como Dia Internacional da Língua Materna.

“a promoção e difusão das línguas maternas não só estimulam a diversidade linguística e a educação multilingue como contribuem também para desenvolver uma maior consciência das tradições linguísticas e culturais do mundo e serve para fomentar a solidariedade baseada no entendimento, na tolerância e no diálogo”.

Há quem considere que a diversidade linguística e cultural do mundo corre o risco de se transformar numa empobrecedora homogeneidade (Antonio Moreno).



A cada ano que passa, o número de línguas diminui assustadoramente; seja pela diminuição do número de pessoas que falam a língua; seja pela destruição de comunidades inteiras devido à guerras, deslocamentos forçados ou mesmo pela falta de meios de subsistência.

Além disso, a imposição de uma língua única e exclusiva, e a força cultural imposta pelos meios de comunicação gloalizados são também fatores coadjuvantes da eliminação de um idioma.

Segundo o Ethnologue (um dos maiores sites dedicados à idiomas), existem quase 7000 línguas no mundo e o português é a sétima língua mais falada. Mas existem também idiomas que é somente falado por um punhado de pessoas e que em breve, desaparecerão.

De acordo com o Professor Antonio Moreno, 600 idiomas (11,5% das línguas do mundo) têm menos de 150 falantes, 1800 línguas (30,1%) têm menos de mil falantes e 59, 4% têm menos de 10 mil falantes.

Se juntarmos o fato de que somente pouco mais de 100 línguas têm registo escrito, então a morte das línguas é também a desertificação cultural do mundo. (Antonio Moreno).

Por todas estas razões, é necessário e urgente repensar o mito de Babel: talvez não tenha sido afinal um castigo, mas uma dádiva divina.


Fontes:

http://uaonline.ua.pt/pub/detail.asp?c=33323
http://www.ethnologue.com/


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