quinta-feira, novembro 28, 2013

Transformando armas... em arte!

A Guerra Civil em Moçambique


Fonte do Mapa 

Após conquistar sua independência em 1975, Moçambique viveu um período de grande instabilidade política durante a Guerra Civil Moçambicana, que se estendeu por quinze anos, de 1976 até 1992. 

Estima-se que quase cinco milhões de pessoas foram diretamente afetadas pelo conflito, tendo que abandonar suas casas e mudar-se. Além disso, mais de um milhão de pessoas foram vítimas dos combates e da inanição, estado de fome extrema. 

Durante o conflito, mais de sete milhões de armas entraram em Moçambique, e 170 mil minas foram espalhadas pelo país. 

A maioria das armas permanece escondida, e ainda há milhares de minas enterradas por todo o território.

A África não produz armas.

A guerra civil Moçambicana ocorreu no contexto da Guerra Fria, em que os Estados Unidos e a União Soviética competiam para expandir suas esferas de influência em todo o mundo. 

Com o fim da guerra a população foi encorajada a trocar suas armas por ferramentas de trabalho tais como enxadas, arados, bicicletas, máquinas de costura e em um caso, toda uma aldeia trocou suas armas por um trator.

Algumas destas armas foram utilizadas por artistas e transformadas em obras de arte.

Uma cadeira.... feita de armas! 


Kester e sua arte
O artista moçambicano Cristóvão Canhavato, conhecido como Kester, criou o famoso Trono de Armas em 2001 em colaboração o Museu Britânico.

Desde então, a cadeira já foi exibida em mais de trinta locais diferentes no Reino Unido, incluindo escolas, museus, catedrais, centros comunitários e uma prisão. 

A obra impressiona a todos pelo seu forte poder simbólico e desde 2002, o Trono de Armas encontra-se no Museu Britânico, em Londres. 

O Trono de Armas, no Museu Britânico
Esta obra é uma lembrança viva de todas as pessoas que já foram vítimas da violência, direta ou indiretamente, em todo o mundo.         

Obras de arte criadas a partir de armas
Segundo Cristóvão, sua obra representa tanto a tragédia da Guerra Civil de 1976 a 1992, como o grande triunfo da conquista da paz no país.

As armas utilizadas na obra o Trono de Armas foram recolhidas pelo projeto Transformação de Armas em  ferramentas de trabalho, estabelecido em Maputo em 1995 pelo Bispo Dinis Sengulane. 

O projeto tem sido uma história de sucesso e o objetivo do projeto é transformar armas em arte e retirar da mão das pessoas esses instrumentos de morte e transformá-los em instrumentos que representam o trabalho e oportunidade de levar uma vida produtiva e pacífica.


A Árvore da Vida no Museu Britânico
 
Além de Cristóvão, vários outros artistas participam do projeto Transformação de Armas em arte. 

Todos fazem parte do Núcleo de Arte de Maputo, onde Cristóvão começou a estudar em 1998. 

Recentemente, o Museu Britânico lançou o projeto Árvore da Vida em conjunto com quatro artistas do Núcleo: Adelino Serafim Maté, Fiel dos Santos, Hilario Nhatugueja e Cristóvão Canhavato (Kester), para a criação de uma árvore feita de armas.

Segundo os criadores da Árvore da Vida, a obra representa a criatividade dinâmica da África. 


Os criadores da Árvore da Vida

Como o Trono de Armas, a obra Árvore da Vida também foi toda construída com armas coletadas da população de Moçambique. Ela foi exibida pela primeira vez no Museu Britânico em 2005. 



A Halo, uma ONG que tem a missão de remover minas anti pessaois,  atua em Moçambique desde 1994, empregando mais de 650 pessoas locais. A ONG também trabalha no recolhimento de armas, e mais de 100 mil já foram destruídas com o auxílio da organização. 


Fontes 
http://www.museum.wa.gov.au/extraordinary-stories/highlights/throne-weapons
http://www.bbc.co.uk/ahistoryoftheworld/about/transcripts/episode98/
http://www.angola.org/index.php?page=culture

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