(PlusNews) - Uma campanha de prevenção diferente – e importada – vai ocupar os palcos de São Tomé nas próximas duas semanas.
O Auto da Camisinha, realizada pelo grupo brasiliense O Hierofante - Companhia de Teatro do Brasil, traz mensagens sobre o uso da camisinha, infecções sexualmente transmissíveis (ITS), SIDA e gravidez na adolescência.
Veja o vídeo (http://br.youtube.com/watch?v=mvgVFCT-nQY)
De autoria do brasileiro José Mapurunga, a trama é simples e não deixa dúvidas: Benedito quer ter relações com a sua namorada Leonor, mas ela exige o uso da camisinha. É só aí que o jovem toma conhecimento dos preservativos. O jovem a deixa, assustado, sem entender a razão da exigência. Depois de consultar várias pessoas sobre a utilidade da camisinha, ele finalmente entende a sua importância na prevenção de ITSs.
Testando conhecimentos
Depois do final da peça, os três actores ainda fantasiados dirigem-se à platéia com perguntas como
“Como se contrai o HIV?” e “O que é seropositivo?”.
A estudante da sexta classe Jocelina Costa, 14 anos, não hesitou: “Apanha-se o vírus através de relações sexuais sem camisinha. E podemos comer ou brincar junto com um doente de SIDA”.
A peça cativou a atenção dos dois mil estudantes – e também dos professores – da Escola Secundária Patrice Lumumba, na cidade de São Tomé, onde a peça estreou.
“Fiquei elucidado com a actuação. A mensagem-chave é que numa relação sexual temos sempre que utilizar o preservativo”, disse Bernardo Pinto, 13 anos, estudante da quinta classe.
O professor de biologia Anastácio Quaresma também aplaudiu a iniciativa. “É de pequeno que se torce o pepino. Esses alunos são jovens, é bom que ganhem a consciência de que a SIDA existe, que é uma doença incurável, e que pode ser evitada utilizando o preservativo”, afirmou.
Formação para actores
A visita do grupo O Hierofante também prevê formações para actores locais.
No auditório do Centro Cultural Brasileiro, membros de sete grupos teatrais são-tomenses participarão por quatro dias de uma formação para melhorar o desempenho de actores e dramaturgos nacionais.
Intercâmbio de arte
Actores são-tomenses recebem formação da trupe brasileira.
A formação se baseia nas técnicas de autores como a americana Viola Spolin e os russos Constantin Stanislavski e Michael Chekhov.
“Essas técnicas vão permitir que os actores tenham mais ferramentas técnicas e capacidade de improviso”, explicou Pablo Peixoto, actor e productor da companhia brasileira.
Para Djair Mendes, 24 anos, a formação trará novos horizontes em sua carreira. Já falar da SIDA não será novidade, nem na vida profissional, nem na pessoal. Mendes participou no mês passado de uma dramatização promovida pelo Programa Nacional de Luta contra SIDA (PNLS), que ele considerou “fascinante”.
Mas foi em casa que viu a seriedade do assunto: o seu pai morreu no ano passado de uma doença relacionada com a SIDA. “Não sei ao certo se ele contraiu o HIV em São Tomé ou em Angola, mas ele veio de Angola já em fase terminal”, contou. “Foi triste, só o reconheci pelo rosto de tão magro que ele estava.” Segundo ele, o seu pai era mecânico e resolveu se aventurar em Angola depois de se separar de uma das suas mulheres.
Mendes tem mais de 20 irmãos.
Battiloi Warritay, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), enfatiza que a idéia da formação não é criar um grupo de teatro que aborde apenas ITSs ou SIDA, mas preparar melhor os actores para comunicar outras mensagens desse tipo. “Queremos que os actores são-tomenses, com a experiência que já têm, saibam levar da melhor forma as mensagens para o público”, diz.
O grupo O Hierofante já existe há cerca de 14 anos e a peça O Auto da Camisinha já foi apresentada cerca de 400 vezes, mas está é a primeira exibição fora do Brasil.
A iniciativa é uma parceria entre o PNLS, o UNICEF e a Embaixada do Brasil em São Tomé e Príncipe.
Noticia Irin Plus News: http://www.plusnews.org/pt/Report.aspx?ReportId=81074
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