quinta-feira, janeiro 30, 2014

A Saúde no Brasil

O Brasil é o maior pais da América do Sul e o quinto maior país do Mundo!





 O Sistema único de saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988 com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à saúde da população e tornar obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto.




Segundo a Lei nº 8080/90 é “um conjunto de ações e serviços de saúde que deverão ser prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, ainda podendo participar a iniciativa privada, em caráter complementar (BRASIL,1990)”.



Os indicadores de saúde global são:


  •     Esperança de vida
  •     Mortalidade


As principais causas de mortalidade em crianças menores do que 5 anos são:

  •     Pneumonia
  •     Prematuridade
  •     Diarreia


No recém-nascido os maiores problemas continuam a ser:

  •      Asfixia no parto
  •      Sepsis neonatal
  •      Anomalias congénitas


O Brasil tem vindo a melhorar todos os seus indicadores de saúde.


Foi elaborado um relatório sobre o comportamento do país em relação aos 8 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) que dá conta dos grandes progressos que têm sido feitos.

A percentagem da população que vive com 1.25 dólares por dia (considerados extremamente pobres) diminuiu consideravelmente. Em 1990 haviam 36.2 milhões de pessoas extremamente pobres num total de 141.6 milhões de pessoas brasileiras, esse número passou a ser, em 2008, 8.9  num total de 186.9 milhões.

No que diz respeito à educação e alfabetização da população, em 1992 a percentagem de jovens com 18 anos tinham concluido a 8a serie era apenas de 34% sendo que aumento para 75.2% até 2008.

A proporção das mulheres que trabalham tem aumentado e a discrepância salarial entre homens e mulheres tem diminuido, o que constitui um excelente indicador quando ao ODM 3 que visa:"Promover a igualde de géneros e autonomia das mulheres".

A mortalidade infantil foi reduzida para metade. Por cada mil ndados vivos ocorriam 50 mortes ao passo que agora o número baixou para 25.

A mortalidade materna acompanha a mesma evolução da mortalidade infantil pelo que tudo indica que os ODM 4 e 5 sejam atingidos em 2015 como previsto.











terça-feira, janeiro 28, 2014

A saúde em Angola

Angola está localizada na costa ocidental da África,  um país banhado pelo Oceano Atlântico, que faz fronteira com a República Democrática do Congo, Zâmbia e Namíbia. 

O país conta com parte de seu território localizado geograficamente em outro país, como é o caso da província de Cabinda.     
             
Cabinda é um exclave, ou seja, um território politicamente pertencente a outro, mas ao qual não está ligado fisicamente.



Após a independência de Portugal, em 1975, Angola viveu anos de guerra civil que terminou em 2002. Portanto, há 11 anos o país vive sua reconstrução em paz.

Neste período,Angola desenvolveu-se principalmente nas seguintes áreas:

 Educação e tecnologia:
Ensino Superior em Angola


Possui cursos superiores em todas as 18 províncias   
                         
O número de usuários de internet aumenta todos os anos e em 2010 atingiu um total de 320 mil






Brasil-Angola


Atualmente as empresas brasileiras são as maiores empregadoras de Angola


Forte investimento em formação profissional técnica de jovens, principalmente por meio do Centro Integrado de Formação Tecnológica (CINFOTEC), um empreendimento do governo que visa o desenvolvimento do país, com foco na formação de mão-de-obra e na promoção do emprego.


• Recurso a Mediatecas:

Existem quatro Mediatecas em funcionamento, duas em construção e seis em estudo.

As Mediatecas facilitam o acesso à informação e à cultura
As Mediatecas são bibliotecas informatizadas e multimédia, que visam proporcionar a todos os interessados a consulta a serviços e suportes de informação, de caráter geral e cultural, facilitando o acesso à informação e ao conhecimento necessários ao desenvolvimento socioeconómico, alargando o acesso à cultura de forma gratuita

• Desenvolvimento Humano


Angola ainda possui um Índice de Desenvolvimento Humano considerado Baixo pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) de 2012, no qual foi posicionado em 148º lugar dentre 165 países.

Apesar disso, o IDH do país nos anos 2000, 2005, 2007, 2010, 2011 e 2012 aumentou.
Hospital Municipal da Samba - Angola

O período de paz trouxe a construção e reabilitação de 84 hospitais e de 488 centros e postos de saúde. Nestes 11 anos, o setor da saúde tem sido considerado prioritário para o governo segundo o MINSA (Ministério da Saúde). Em 2009 foi feito um grande inquérito sobre a saúde concluindo -se  que 80% a 90% da população angolana já tem acesso a serviços de saúde. Os investimentos são concentrados em 4 principais áreas: infraestrutura, recursos humanos, tecnologia e equipamentos.


Sistema de Saúde em Angola
O sistema de saúde em Angola é basicamente dividido em 3 níveis: primário, secundário e terciário.


  1. A rede primária abrange os postos/centros de saúde e os hospitais municipais. 
  2. A rede secundária contém os hospitais provinciais e regionais. (Essas duas redes são administradas pelos governos provinciais).
  3. A rede terciária é constituída pelos hospitais de referência e nacionais, os centros de cirurgia cardíaca, o centro oftalmológico de Benguela, os centros de hemodiálise e os centros de tratamento oncológico. Essa rede depende do MINSA.
Enquanto o acesso a serviços de saúde não chega a determinadas regiões,é substituído por clínicas que atuam de forma complementar às instituições principais de saúde pública.

O atendimento público de saúde em Angola é gratuito e obrigatório, e a rede privada é obrigada a prestar atendimento de primeiros socorros, independentemente do poder aquisitivo do paciente. 



Luanda
O serviço privado de saúde ainda se encontra muito concentrado na sua capital, Luanda (onde vive a maioria da população), mas terá de se expandir por todo o país.
Em Angola há 7 faculdades de medicina, e em 2012 possuía 3.085 médicos. Em Luanda ficam duas delas, uma pública e outra privada. 



Além disso, em todos os centros universitários foram criados hospitais regionais para potencializar os cursos de medicina, que formam 150 médicos por ano. Em 2013, com a abertura de novas faculdades, este número deve chegar a 250-300 médicos, e a meta para os próximos 5 anos é de formar de 500 a 600 médicos por ano.




A taxa de mortalidade infantil também baixou de 150 para 116. A relação atual de médico para habitantes é de 1 para 8 mil, e a meta é atingir 1 para 3 mil nos próximos 4 anos – possibilidade oferecida pela abertura de novas faculdades e centros de pós-graduação.
Cuidados de Saúde Infantil


O Programa de Municipalização dos Serviços de Saúde é estratégico para o setor de saúde pois permite maior acessibilidade aos serviços básicos ao aproximá-los do cidadão, chegando até onde as pessoas estão, nas comunas, nos bairros, nas aldeias, nos municípios etc., a fim de fazer com que o controle das doenças endémicas esteja mais próximo da comunidade, pois é nesse nível primário (municipal) que se faz a promoção da saúde e a prevenção de doenças. 



Os outros níveis devem dedicar-se a patologias mais graves.


Com isso, os serviços básicos foram descentralizados e agora estão integrados ao Programa Integrado de Desenvolvimento Rural de Combate à Pobreza (programa multisetorial, que envolve também Educação, Agricultura e Promoção da Mulher). A intenção é que os ganhos na saúde sejam massificados, pois há vários fatores externos ao setor da saúde que influenciam em seus indicadores. 

No tratamento de doenças endémicas, o Estado subvenciona 100% dos medicamentos. 

Este programa está ligado a um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio definidos pela ONU, que é a redução da fome e da pobreza em Angola. O combate à malária e à SIDA também faz parte desses Objetivos.


Redes mosqueteiras: combate à malária
A malária ainda é um grande desafio para as autoridades de saúde de Angola, que aposta na distribuição de redes mosqueteiras e inseticidas/repelentes, com especial atenção às grávidas, aos idosos e às crianças. Em 2011, 97,5% das mortes causadas pela malária aconteceram na África, onde medicamentos e uma vacina e estão sendo testados em vários países do continente. 


Em relação à malária, Angola é considerado um país endémico pela OMS, que apontou que, em 2011, das cerca de 107 mil mortes ocorridas no mundo por causa da malária, 6.909 foram em Angola. Em 1999 esse número era 25 mil.



Segundo o Relatório de Monitorização do Desenvolvimento dos Objetivos do Milénio (Banco mundial e FMI) de 2011, Angola aproxima-se do cumprimento de boa parte destes objetivos, e foi considerado o único país a estar muito perto de atingir a meta para o saneamento básico.


Principais metas do MINSA

controle e a luta contra doenças endemo-epidémicas;
promover o desenvolvimento sanitário do país, bem como dos recursos humanos;
Estilo de vida saudável
Infraestruturas de saneamento


promover a saúde da população vulnerável, principalmente mulheres e crianças, e garantir a equidade e acessibilidade aos cuidados de saúde;
estimular um estilo de vida que garanta a qualidade, a interação com o meio ambiente e a alimentação saudável, divulgando conhecimentos para a modificação de comportamentos;
coordenar a mobilização social e os recursos para o desenvolvimento da saúde.


Bibliografia:

http://www.minsa.gov.ao/
http://en.wikipedia.org/wiki/Angola
http://eportuguese.blogspot.com/2013/11/11-de-novembro-angola-comemora-38-anos_11.html
http://eportuguese.blogspot.com/2013/04/7-de-abril-dia-mundial-da-saude-angola.html
http://eportuguese.blogspot.com/2011/08/slideshow-passeio-parte-i-angola.html



quinta-feira, janeiro 23, 2014

A Arte Timorense

Timorenses no tear
Hoje selecionamos alguns aspectos da arte em Timor-Leste, único país de língua portuguesa na região sudeste asiático. Por todos os conflitos enfrentados pelo país, o movimento artístico de Timor-Leste ainda se encontra em fase de desenvolvimento.



Tradicionalmente, o país é conhecido pela arte da cestaria, olaria e tecelagem, além de suas belas músicas e danças.

Timorense na cestaria
A cestaria, juntamente com a tecelagem, é a arte tradicional mais característica e mais espalhada por todo o território de Timor-Leste, já que vários tipos de cestos continuam a ser ustilizados no dia a dia em suas múltiplas funções.

A explicação poderá estar na grande profusão existente de uma espécie de palmeira – que em Timor se denomina Acadiro – de onde é retirada a matéria prima, tanto para oa fabricação dos cestos como para a cobertura (telhados) das casas tradicionais.


Cestaria timorense
A folha de acadiro constitui um material flexível e maleável mas que, depois de entrançada, adquire uma resistência extraordinária, que permite o seu uso durante longos anos sem se deteriorar.

Dentre os cestos mais tradicionais contam-se o luh’u, usado para guardar fruta, pão etc.; o mama fatin, usado para guardar e servir o betel, areca e cal; o lafatik, geralmente usado no processo de selecção do arroz ou do milho; e o boote, usado para o transporte das mais variadas coisas e cuja tira as mulheres costumam prender à testa.

Já a olaria existe em Timor-Leste há cerca de 4.500 anos!

Mulher timorense na olaria
Apesar da antiguidade dessa arte e da abundância de matéria prima, a olaria parece ter estado sempre limitada a determinadas áreas do território do país, sendo a variedade de utensílios em barro relativamente escassa. Uma explicação para este fato é a facilidade de encontrar outras matérias-primas para os mesmos fins como a madeira, o bambú e a casca de coco, bem como a expansão do comércio que acabou por introduzir na ilha recipientes fabricados nos mais diversos materiais como o ferro, o alumínio e o plástico.
Em Timor-Leste não existe a roda de oleiro e as técnicas utilizadas são das mais antigas do mundo. 


Olaria timorense
Todo o processo de fabricação depende única e exclusivamente da mulher. 

É a mulher timorense quem recolhe, seleciona e prepara os materiais, quem confecciona as peças, quem as coze e, finalmente, quem as vende no mercado. Em muitos casos é também a própria mulher quem se encarrega de conseguir a lenha ou os excrementos de búfalo necessários para a o cozimento do barro.

Uma forma de tecelagem criada pelas mulheres de Timor-Leste são os panos multicoloridos fabricados artesanalmente, conhecidos como Taís.

Estes panos são utilizadas para a ornamentação cerimonial, decoração e vestuário. Usa-se principalmente o algodão e que é tingido com corantes naturais muitas vezes preparados pelas próprias artesãs. As imagens e os padrões de Taís variam muito de região para região, mas muitas vezes eles incluem mensagens de localidade e eventos significativos. Já publicamos um artigo sobre ele no nosso blog, confira!

Variedades de Taís

Em Timor-Leste, as cores do Taís tradicional resumiam-se ao vermelho, amarelo e preto, sendo este último usado como uma espécie de escala hierárquica - ou seja, quanto mais abundante era o uso do preto, maior a importância da pessoa a quem se destinava. Hoje em dia existe uma maior profusão de cores, consequência direta da ocupação Indonésia e respectiva influência islâmica nos coloridos.

A música tradicional timorence é conhecida como tebe ou tebedai.

Dançarinas timorenses
É um gênero essencialmente rítmico proveniente de dois instrumentos musicais primordiais: o babadok (um pequeno tambor) e o dadir (disco metálico) que são tocados basicamente por mulheres que podem ser acompanhadas de um ou mais homens executando movimentos com as suas espadas, as surik.

Dançada tradicionalmente durante a época das colheitas e na abertura de uma lulik (casa sagrada), o tebedai é também executado em eventos religiosos e cerimónias governamentais. Veja essa e outras danças típicas dos países de língua portuguesa nesse artigo!



Bibliografia:


terça-feira, janeiro 21, 2014

Um pouco da arte em São Tomé e Príncipe

A arte constitui um elemento essencial na cultura pelo fato de suas obras expressarem a realidade de um país. Falar da arte em São Tomé e Príncipe é falar de um fato recente, pois a mesma tem vindo a se afirmar dia após dia no país, essencialmente devido às dificuldades dos artistas em adquirirem os materiais (pincéis, tintas, telas etc.) necessários para poderem trabalhar.

Tchiloli - Canarim
Os artistas plásticos em São Tomé e Príncipe têm crescido ano após ano, depois de uma primeira fase em que os artistas plásticos eram totalmente desconhecidos. 


Ússua - Canarim
O nome que se tem como referência no país e na época colonial é o de Pascoal Viana de Sousa Almeida Viegas Lopes Vilhete (nascido no séc. XIX), conhecido como Canarim ou Sum Canalim

Pascoal Viana, que é referido como o maior pintor ingenuista de São Tomé e Príncipe, soube representar de maneira inigualável a sua época. A pintura de Canalim buscou estímulos nos ambientes físico e humano das ilhas. Em seus quadros, deixou uma pequena biografia, em caligrafia desenhada, ao lado das legendas em que explicava cuidadosamente o assunto dos quadros e as personagens que dele participavam

Selo de S. Tomé e Príncipe
Atualmente a situação das artes plásticas caracteriza-se pela afirmação de vários artistas que, embora enfrentem muitas dificuldades, têm o mérito de serem considerados os pioneiros do ramo no país, como é o caso de Protásio Pina que durante muito tempo foi quem "desenhou" e pintou os selos de São Tomé, lindos pássaros, flores para muitos desconhecidas e coisas maravilhosas de cor e de beleza.

Após esta fase, tem-se vindo a verificar uma enorme aderência por parte de jovens às artes plásticas. Esta mesma aderência tem contribuído muito para a afirmação dos mesmos no país e na classe artística, levando à dinamização do setor. Com os jovens adentrando nessa carreira, tem-se percebido a criação novos valores, o que permite a continuação e a preservação das artes plásticas no país. 

Alda Graça do Espírito Santo
No âmbito da literatura, a poesia é a forma de expressão literária mais desenvolvida em São Tomé e Príncipe. Francisco Tenreiro e Alda Graça do Espírito Santo estão entre os poetas publicados mais notáveis​​.  

Os acontecimentos históricos são muitas vezes o objeto da poesia local, como podemos perceber no  poema “Trindade”, de Alda Graça, que denuncia o massacre ocorrido em 5 de fevereiro de 1953 em Trindade, São Tomé e Príncipe; e no prórpio hino nacional escrito também por Alda.

Maria da Conceição Costa de Deus Lima, ou Conceição Lima, também é um expoente na literatura santomense, mas já escrevemos sobre ela aqui.

No que diz respeito à música, em São Tomé e Príncipe destacam-se as danças tradicionais Ússua e Socopé.

Ússua
A  Ússua é uma dança de origem Europeia, que posteriormente, foi adaptada pelo povo santomense.

Considerada uma dança de salão, realiza-se através de movimentos compassados e ritmos agradáveis, mediante uma interrelação entre homens e mulheres ao som de um instrumento de sopro, como a corneta, feita de madeira ou chifres de animais. Os dançarinos encontram-se sempre vestidos com trajes tradicionalmente santomenses.

Já o Socopé, conforme dito pelos santomenses, corresponde a pronúncia errada de "só com os pés ou só com o pé". Quanto a como e quando começou, ninguém sabe, mas, garante-se que, dentre todas as outras, é a dança mais genuinamente santomense.

As músicas têm um ritmo bastante lento, quase em tom de lamento, e os textos servem na maior parte das vezes para expor os principais problemas da comunidade ou para fazer crítica social ou de costumes.

Dançarina de Socopé
Ela é composta por duas partes: a feminina, e a masculina. As senhoras vestem quimonos (blusa tradicional de vários modelos, feitios, e cores, utilizadas pelas senhoras de S. Tomé e Príncipe, quer nos expedientes quotidianos, quer nas festas religiosas e populares) e saias. Por outro lado, os senhores usam nas camisas fitas e distintivos. Também as senhoras usam distintivos, que assumem a forma de bandas coloridas que lhes atravessa o peito, além de fitas atadas nos seus chapéus e lenços.

Confira abaixo o poema de Alda Graça do Espírito Santo entitulado Trindade:

Trindade

Eu chamo-me Cravid
E tenho um crime...
? Nasci na Trindade ?
A vida condenada.

Pintava casas
nas empreitadas da cidade.
Fui levado manhã cedo
e eles prenderam-me.

Fecharam meu corpo
Fechado de raiva
numa casa sem ar.

Camaradas de cela se cruzaram
camaradas de cela se juntaram...

E a porta de zinco ia abrindo
e sempre nascia uma esp’rança
de volver p’rá liberdade,
para o ar livre das ruas.

E a esperança saía
na porta fechada, cerrada
recebendo mais gente.
Aos vinte... trinta… quarenta…

Aos vinte, trinta, quarenta,
os gritos cresciam
as bocas secavam...
E a sede, a sede aumentava
e a gente morria sem ar...
E os tiranos zombavam no pátio.

Os gritos cresciam...
? Água, água, água...
Ar, ar!...
Num coro de morte
gritando p’la vida.

E a tarde caía
a noite chegava.
A gente morria...
Meia-noite, hora da morte...
Os coros subiam
na noite sinistra
e corpos humanos tombavam por terra.

? Ó velho, motorista Alfredo,
tu tombaste já...
Teu corpo inerte está livre
evadiu-se.
E tu, Lima,
Junto ao postigo
tu pediste ar
pediste vida
e o destino escarninho
tombou contigo no chão.
E o ar já não virá...

Um a um camaradas
um a um
no coro da angústia
se finaram, companheiros
no escuro de túmulos,
na eterna escuridão
da esperança morta.

E na manhã sinistra
de sexta-feira 6
nesse mês de Fevereiro
fatídico e cruel
eu ainda tinha vida...

Dezasseis, dezasseis homens
saíram tombando, erguendo a carcaça.
E eu fiquei.
Fiquei deitado.
Meu corpo caiu sobre os mortos
na primeira revolta.
E levantei-me.

De mim, saiu outro homem.
Eu levantei maluco
e corri à porta.
Eu gritei
p’la água que não vinha
p’la fome que tinha.

E escarrei ao carrasco
todo o fel, todo o fel
da revolta nascente.

E eles, eles, os tiranos
só ligaram meus membros
quando o corpo cansado o consentiu.

A revolta cresceu...
As lavas sufocaram os algozes
e as forças dos meus nervos
desataram as cordas.

A rebelião crescia
e os carrascos sem nome
atiraram contra mim.

E os tiros vieram
e eu resisti.
Eu não morri.

Juntos em redor de mim
cobriram de andalas meu corpo
e eu não morri.

Cresço em ondas de revolta
e estou ficando louco.

Deportaram-me
mas eu já voltei...
Meus olhos não param
e eu estou de pé.


Bibliografia:

http://stomepatrimonio.blogspot.ch/search/label/Artes%20Pl%C3%A1sticas
http://falcaodejade.blogspot.ch/2011/07/sao-tome-e-os-seus-artistas-comeco-com.html
http://www.vidaslusofonas.pt/alda_esp_santo.htm