segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Paula Rego: uma pintora portuguesa contadora de histórias



 Inspirada por contos de fadas e recordações da sua infância, pela literatura clássica e moderna e pela realidade politica e social, Paula Rego cria uma hipnotizante e apaixonante obra que explora as lutas entre mulheres e homens, pais e filhos e entre o poder e a fraqueza.
Peter Pan:Boys and Pirates
Fighting,1992

Paula leva para os seus desenhos, as memórias da infância em Portugal. Os contos e histórias contadas pelas tias e avós enquanto criança serviram-lhe de inspiração para a sua fértil imaginação. Exemplo disso são os quadros Hey diddle diddle,1989 e Peter Pan: Boys and Pirates Fighting, 1992.

Paula nasceu em Lisboa em 1935, no seio de uma família próspera de classe média. Seu pai foi um engenheiro “amável e liberal” como a artista o classifica, levou-a a ver óperas e filmes da Disney. Estes filmes serviram de inspiração para o Dancing Ostriches,1995 ou Swallows the Poisoned Apple,1995.  Sua mãe incutiu-lhe o gosto pelas roupas e trajes que também marcaram muito os seus quadros.  
Swallows the Poisoned Apple
1995
Aos 17 anos de idade, em 1952, Paula foi para Londres estudar no Slade School of Fine Arts onde conhece Victor Willing com quem se casou mais tarde. Também pintor, Victor desenvolveu esclerose múltipla alguns anos mais tarde e como reação à doença do marido, Paula fez a série "Menina e Cão" em 1996 na qual um cão doente é cuidado por uma menina que o alimenta, barbea e lhe dá a medicação revelando uma linha ténue entre cuidar e ferir, amor e dependência, desejo, frustração e raiva. Em muitos de seus trabalhos, as personagens tomam  a forma de animais para efeitos metafóricos e de sátira.


 Sem título, 1986 pertencentes à série Girl and Dog


The Family, 1988

A doença do marido também inspirou o quadro "A Família" em 1988 que se tornou uma de suas obras mais popularizadas e aplaudidas. Victor morreu neste mesmo ano e chegou a descrever os temas da obra de Paula como sendo repletos de  “domínio e rebelião, sufoco e revolta”. Na verdade, Paula afirmou que o seu trabalho era uma subversão das hierarquias e pretendia “virar as coisas do avesso e perturbar a ordem estabelecida”. 



De acordo com o crítico de arte Robert Hughes, Paula Rego é "a pintora viva que melhor expressa as experiências das mulheres".


Sem títtulo,  pertencente
à serie Aborto

Em 1998, em resposta direta ao referendo sobre o aborto em Portugal, Paula retratou uma série de imagens de mulheres submetidas a abortos clandestinos numa crítica explicitamente política.

Vivendo em Londres desde 1975, Paula Rego tem seu estúdio em Kentish Town onde manequins, roupas e trajes vitorianos, bonecos, fantoches, caixas com inúmeros adereços caracterízam o seu espaço de trabalho.
" Pintar é mágico. Estar no meu estúdio é como estar dentro do meu próprio teatro" afirma a artista.

Paula Rego também se inspira em obras literárias de Jane Eyre e Eça de Queiroz.

Estúdio de Paula Rego em Kentish  Town, Londres
Paula Rego recebeu diversos doutoramentos "honoris causa" atribuidos por diversas Universidades do Reino Unido e mais recentemente pela Universidade de Lisboa.  

Casa das Histórias


O seu trabalho pode ser visto em várias instituições públicas um pouco por todo o Mundo como o British Museum; Fundação Gulbenkian em Lisboa; The Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque e o Tate Galery em Londres.


Em Setembro de 2009 foi inaugurado em Cascais um museu ao qual Paula Rego deu o nome de Casa das Histórias. Este museu fica perto do local onde Paula viveu a sua infância e acolhe mais de 300 impressões, desenhos e pinturas suas assim como obras do seu marido Victor Willing.
Paula Rego continua a ir para o estúdio quase todos os dias para criar e “pintar as suas histórias” e diz: “ Estou à espera para ver o que virá a seguir.”

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Para mais informações:



Um comentário:

Anônimo disse...

www.facebook.com/paulafigueiroarego