Mas sabe o que são Rendas de Bilros?
Ou melhor, você sabe o que são Bilros?
A Renda de Bilros é produzida pelo cruzamento sucessivo ou entremeado de fios têxteis, executado sobre o pique e com a ajuda de alfinetes e dos bilros.
O pique é um cartão, normalmente pintado da cor açafrão para facilitar a visão por parte da rendilheira, onde se decalcou um desenho, feito por especialistas. A origem do desenho está na criatividade da autora, que por vezes recorre à estilização de objetos naturais como as flores e animais.
Os fios são manuseados por meio de pequenas peças de madeira torneada que têm o nome de bilros, daí a origem do nome das rendas.
O bilro, numa das extremidades, tem forma de pêra alongada ou de esfera. Na outra extremidade é enrolada a linha, que vai sendo usada à medida que o trabalho avança.
Os bilros são manejados aos pares pela rendilheira que imprime um movimento rotativo e alternado a cada um, orientando-se pelos alfinetes. O número de bilros utilizado varia conforme a complexidade do desenho.
As rendas de bilro mais famosas eram as de Milão e de Bruges, utilizadas para adornar paramentos eclesiásticos, trajes das cortes europeias e vestidos de noivas.
Em Portugal as rendas flamengas estiveram muito em voga no tempo de D.João V (1689 - 1750).
Esta forma de artesanato espalhou-se de Portugal continental, até ao arquipélago da Madeira e aos Açores, e foi através das mulheres portuguesas que chegou ao Brasil, onde é praticada, principalmente no Nordeste.
A sua origem não é consensual
Há quem acredite que surgiu do bordado, mas a diferença entre o bordado e a renda é evidente.
No bordado faz-se a aplicação de um ornamento feito no tecido com uma agulha, enquanto que a renda resulta do entrelaçamento de fios, numa urdidura que se desenvolve com a forma de desenho, sem ter um fundo de tecido.
Admite-se que os Fenícios possam ter sido agentes divulgadores das rendas, através das suas trocas comerciais, ao longo da costa marítima.
Outra corrente afirma que tiveram origem no oriente (China ou Índia), tendo chegado a Portugal através da Itália no século XV.
Atualmente, há uma escola em Vila do Conde, ao norte de Portugal onde se assegura a continuidade desta prática artesanal, e o “Museu das Rendas” em Vila do Conde que nos dá a oportunidade de conhecer os aspectos históricos da renda de bilros, a técnica de trabalho e os instrumentos utilizados.
Em Peniche, no centro de Portugal, a renda de bilros destaca-se de todas as outras produzidas no país. O processo de urdidura em que as rendeiras de Peniche trabalham com as palmas das mãos voltadas para cima.
E na renda de Peniche não se distingue o direito do avesso.
Hoje em dia, as Rendas de Bilro ainda se usam, com diversas aplicações em peças de vestuário, adereços, como brincos e colares e paninhos.
Para ter noção do trabalho e da destreza das mãos de uma rendilheira experiente, veja o vídeo!!
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